Eu não terminei o relacionamento com você. Eu terminei com quem eu era com você. Eu não deixei de te amar, de ter todas as boas sensações estando ao seu lado. Mas eu já não queria mais ser aquela mulher, aquela companheira. Eu não terminei meus sentimentos por você. Mas eu descobri que havia uma infinidade de outros sentimentos por minha própria pessoa que eu ainda não havia explorado. Ou me deu saudade de quem eu era (e sou) quando não estou com você.
Você me ensinou muito. Incontáveis experiências. Mas, um dia, o sofá ficou confortável demais e eu demorei muito tempo para perceber que eu havia me acomodado em nossa relação. Um dia, entendendo todas as suas outras prioridades, eu esperei que você me percebesse, eu esperei que você me visse. Mas tudo estava tão confortável que até entrar em atrito estava fora de questão. Eu me confortei em meu silêncio, em minha solidão.
Eu não sei se há um culpado nessa estória e, realmente, não me importo com isso. Tudo o que vivi com você, que compartilhei, que cedi, que fiz, como de coração entregue, de alma dada, de amor compartilhado. Então, o que aconteceu conosco? Talvez o tempo tenha chegado ao fim. E não acredito que as pessoas se separem somente quando o amor acaba. Porque amor não acaba. O amor se ressignifica. Eu ressignifiquei o amor que sentia por você. E decidi que queria me amar mais do que eu amava você. Eu percebi que te amei tanto ao ponto de te amar mais do que a minha própria pessoa.
E você é uma pessoa incrível. Mas nosso tempo chegou ao fim. Não haverá mais escovas juntas, pés entrelaçados, cafés da manhã compartilhados. Mas haverá tudo de bom que eu dei para você.
E eu dei tudo o que eu pude dar e até onde pude dar. Agora vou me (re)encontrar.
*Ao som de Cartola.