textos de própria autoria, de própria vida. minha vida, sua vida, nossa vida.



terça-feira, 25 de maio de 2010

pelas reticências.

cara, eu não estou aqui dizendo que te amo e que, provavelmente, você é o amor da minha vida. não estou te pedindo em casamento e nem sonhando com um vestido branco, igreja com a família e uma criança depois de nove meses. estou aqui, pura e simplesmente, para te dizer que o beijo que te dei, foi o maior fôlego que já senti. que os teus lábios, quando se juntaram aos meus, me ergueram para um céu que nunca fora descritos nos meus, teus e dos outros tantos poemas escritos nesse mundo. que o toque de suas mãos em minhas costas foi mais que fogo queimando em palha. que os olhos teus, quando cruzados com os meus, fizeram com que meu mundo se tornasse estático, onde somente havia caminho para os olhos teus.
não, não basta dizer para você isso. você se retrai, vive em um mundo abstrato, onde as palavras bem adocicadas são mais que diabetes (e quantas betes!). não, eu não quero só fazer amor com você. estou sentindo um puta tesão e, simplesmente transar, seria de bom grado. seria bem bacaninha passarmos uma noite juntos. você, eu, nossos corpos nus. nossa pele acalorando a outra pele, beijos e carícias para finalizar o ato. ok, isso seria mais que perfeito. mas já me contento com um pouco disso. quero te ver nu, com os pêlos expostos, com o sexo a mostra. quero te ver com os olhos arregalados quando me ver. quero sentir tua respiração quando meu corpo tocar o teu, quando meu beijo tocar tua nuca.
não sei se está tão difícil assim para você entender, mas já deu para sacar. gostas de mim como gosto de ti. mas tens medo dessa afinidade que brota de onde não sabemos. você tem medo de me ter, de me desejar intensamente e de me amar. é isso? se for isso querido, me diga que é um covarde e que não é merecedor da minha sede de afeição. diga que quando teu amigo falou que eu era bonita, você quis morrer por dentro, porque sentiu de um ciúme desconhecido e temido. diz, assume de uma vez e pronto.
para que toda essa frescura? apaga a luz e vem me beijar logo.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

olha pra mim e diz.

olha pra mim. olha pra mim e diz que me ama. olha pra mim e diz que eu não estou aqui de bandeira, de bobeira. diz que tudo irá valer a pena e que essa crise vai passar. diz que me ama e que tens marca no corpo que ainda são minhas. diz que essa distância está doendo e que não vê a hora de fazer amor comigo. diz que nunca fez amor com outra do jeito que faz comigo. aliás, diz que as outras foram apenas sexo e que amor é só comigo. diz que essas noites na mesma cama, mas com um mundo entre nós, está doendo. que o teu sexo solitário já não faz mais efeito. diz que, enquanto durmo, você olha meu corpo e me deseja. que tenta me tocar, mas fraqueja.
olha pra mim e diz que só poderei ser feliz ao teu lado e que sou tua e só tua. diz que a nossa casa, o nosso espaço, está calado, está sentido pela falta da felicidade que exalávamos. diz que ainda tenho tempo de te fazer feliz e que todos os dias ao meu lado, mesmo os não falados, são os teus melhores dias. diz que quando saio de casa pela manhã, você encosta a cabeça em meu travesseiro e tenta inalar o cheiro de meu cabelo. diz que meu copo dágua é o mesmo que o teu, na tentativa do contato de um beijo.
olha pra mim e diz que isso tudo não faz sentido. que somos duas crianças tolas brigando por atenção. diz que você não suporta imaginar que eu converse com outro ou que, mesmo em sonho, eu deite com outro. diz que esse teu ciúme te faz cego e não deixa você perceber o amor que tenho por você. diz que minhas peças íntimas são degustadas por tua boca na busca pelo gosto do meu sexo. diz que não há nada maior no mundo do que a saudade do meu abraço. diz que você me quer como tua namorada, tua mulher, tua amante, tua meretriz.
olha pra mim e diz que não há nada mais nesse mundo que você queira do que fazer amor comigo.

sábado, 8 de maio de 2010

segura minha vida.

e ela disse:

- segura minha vida, porque é a única coisa que tenho e que me tem valor. segura minha vida porque darei para ti o segredo de todos os caminhos que já percorri e todas as chaves para as trancas do corpo. segura minha vida porque dela podes fazer uso como bem entenderes. darei para ti, não somente a vida, mas todo o conjunto que acompanha esse sentido de ser. quero te dar minha alegria, meu amor, meu companheirismo, meu desejo. se guardares bem minha vida, de forma que não deslize pelos dedos, será tua por tempo não determinado e sem prazo de validade, mas sempre com garantia de existir. não estou pedindo que você segure minha vida porque tens o sorriso bonito ou os olhos de um preto profundo. quero que segures minha vida porque sei que cuidará dela como tens cuidado de meu amor. então, não há motivo para duvidar. segura minha vida e sejamos felizes.
***
foto por Samira Nagib.

domingo, 2 de maio de 2010

canção do exílio moderno.

minha terra tem arranha-céus,
onde o sol vive entrelaçado.
de tantas aves que aqui gorjearam,
restou somente poucas para cantar.
*
nosso céu é empalidecido pela fumaça dos carros,
nossos campos estão secos e há estiagem no sertão,
nossos bosques estão queimados,
pela ganância de outros irmãos.
*
em indignar, me pergunto todas as noites,
onde estará o Sabiá que gorjeara por cá?
minha terra já não tem estrada de terra,
onde o chão batido ainda se faz miragem.
*
minha terra tem morenas,
donas de enúmeros amores.
são netas dos negros escravos,
que desse pátria fizeram canção.
minha terra tem muitas histórias,
e nem sei por onde começar.
*
não quero partir dessa vida sem retornar,
para minha saudosa terra, que tanto amargo em saudade.
quero provar dos vislumbres e das graças que aquela gente
carrega em seu peito marcado pelo suor do trabalho.
sem que deixe de cair água de chuva
nessa terra seca pela dor e pelo cansaço.
***
ps: inspirado no poema "canção do exílio", de gonçalves dias.