textos de própria autoria, de própria vida. minha vida, sua vida, nossa vida.



quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

hoje é um daqueles dias...

hoje é um daqueles dias em que preferiria ficar em casa. espaço vago. hoje é um daqueles dias que acordei com saudade. vácuo. hoje é um daqueles dias em que jogaria tudo para o alto e começaria do zero. instabilidade. hoje é um daqueles dias em que o bom dia é por educação. pá virada. hoje é um daqueles dias em que gostaria de beber, só para encher a cara e afogar as mágoas. retrocesso. hoje é um daqueles dias em que se tira uma carta de tarô antes que seja dito qualquer coisa. isolamento. hoje é um daqueles dias em que tudo parece não haver depois. sofreguidão

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

mead, sexo e temperamento, pg. 267


"Consideramos até agora, em pormenor, as personalidades aprovadas de cada sexo, entre três grupos primitivos. Vimos que os Arapesh - homens e mulheres - exibiam uma personalidade que, fora de nossas preocupações historicamente limitadas, chamaríamos maternal em seus aspectos parentais e feminina em seus aspectos sexuais. Encontramos homens, assim como mulheres, treinados a ser cooperativos, não-ag
ressivos, suscetíveis às necessidades e exigências alheias. Não achamos idéia de que o sexo fosse uma poderosa força motriz quer para os homens quer para as mulheres. Em acentuado contraste com tais atitudes, verificamos, em meio aos Mundugumor, que homens e mulheres se desenvolviam como indivíduos implacáveis, agressivos e positivamente sexuados, com um mínimo de aspectos carinhosos e maternais em sua personalidade. Homens e mulheres aproximavam-se bastante de um tipo de personalidade que, em nossa cultura, só iríamos encontrar num homem indisciplinado e extremamente violento. Nem os Arapesh nem os Mundugumor tiram proveito de um contraste entre os sexos; o ideal Arapesh é o homem dócil e suscetível, casado com uma mulher dócil e suscetível; o ideal Mundugumor é o homem violento e agressivo, casado com uma mulher também violenta e agressiva. Na terceira tribo, os Tchainbuli, deparamos verdadeira inversão das atitudes sexuais de nossa própria cultura, sendo a mulher o parceiro dirigente, dominador e impessoal, e o homem a pessoa menos responsável e emocionalmente dependente. Estas três situações sugerem, portanto, uma conclusão muito definida. Se aquelas atitudes temperamentais que tradicionalmente reputamos femininas - tais como passividade, suscetibilidade e disposição de acalentar crianças - podem tão facilmente ser erigidas como padrão masculino numa tribo, e na outra ser prescritas para a maioria das mulheres, assim como para a maioria dos homens, não nos resta mais a menor base para considerar tais aspectos de comportamento como ligados ao sexo". In Sexo e Temperamento, Margareth Mead.

Mead, i love u.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

para quem tem garganta forte.


arena de cores, pessoas e classes sociais variadas. e o gramado verde no meio, onde todos concentram seu olhar mais atento e mais crítico possível. não são somente torcedores, mas há uma equipe técnica não escalada oficialmente sentada (ou em pé) nas arquibancadas do estádio. todos são um pouco treinadores nessa hora. 
e, em meio à uma multidão fanática, enlouquecida e de garganta forte, eles entram no campo. e todos os hinos e canções dedicadas ao time são cantadas com devoção. quando o apito soa, começa o barulho da percussão da torcida organizada. e as bandeiras gigantes sobem as arquibancadas... e descem... e sobem outras bandeiras... e a torcida vibra... e o apito soa... e a perna chuta a bola... e é gol... GOOOOOOOLLLLLLLLLLLL. e quando o jogador gira seu corpo em cambalhotas, a torcida grita, e se abraça, e liga para a família, para amigos, para o chefe.... GOOOOOOOOOOOLLLLLLLLL! rádios de pilha, fones de ouvido ou mesmo olhos atentos. cada detalhe é essencial para o próximo passe. nada pode passar despercebido. OOOOLLÊÊÊ... vamos São Paulo, vamos ser campeão! 
e são 90 minutos em pé, porque cada centímetro é disputado para o melhor ângulo. e, quando o juiz apita o fim do primeiro tempo, a torcida vibra mais uma vez, e cada vez mais forte, com a intenção de incentivar os jogadores. afinal, nada melhor do que uma torcida para motivar um jogador.
água, água. preciso de água. cadê os homens vendendo água... e, por mais que bata uma brisa refrescante, o calor da torcida chega à ser insuportável. água, água. preciso de água. ali, oh, tem um homem vendendo água. com licença, com licença. preciso passar. moço, quero uma água. R$3,00. tudo bem. hei, menina, pede três copos, por favor. moço, quero mais três copos. R$9,00. tudo bem. moça, obrigada.
e depois de todas as gargantas refrescadas, eles entram no campo novamente... e a frenesi e adrenalina do momento é  uma das sensações mais incríveis que já senti...
sou, sou tricolor. sou, sou tricolor. sou, sou tricolor.




quarta-feira, 7 de novembro de 2012

senhor galo, tome cuidado.


não me agrada. não falo sobre. engulo a seco.
não exponho minha opinião ou sentimentalidade.
tal como espinho que arranha e causa ferida na garganta.  

o tal galo quer cantar em um poleiro que não lhe cabe.
senhor galo, tome muito cuidado ao cantar uma melodia.
logo uma raposa virá e te tirará esse brilho terrível que emerge em sua crista.
tão logo, teu conforto, tua paz, teu reinado (que causa discórdia) chegará ao fim.

galo, não cante vitória. esperarei, com graça, tua derrota.


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Judith Butler.

Judith Butler, a filósofa estadunidense, traz a biologia para o campo do social, motivo pelo qual se tornou um dos principais nomes da atualidade nos estudos de gênero.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

cecília regina joana maria sá costa mendes - parte 1

cecília regina joana maria sá costa mendes. por favor, não abrevie nenhum nome. quer que eu repita para você conferir!? cecília regina joana maria sá costa mendes. cecília regina joana maria são nomes. minha mãe sempre achou elegante pessoas que tem mais de dois nomes, sabe!? e, além do mais, ela queria prestar uma homenagem para minhas duas avós, materna e paterna. duas santas. cecília joana era o nome de minha avó materna e regina maria o de minha avó paterna. por que não é cecília joana regina maria? mamãe dizia que misturando os nomes, dava mais som de samba. tente você. cecília joana regina maria... não, não dá samba. agora, cecília regina joana maria dá mais samba... como enredo da mangueira. as pessoas acham bonito ter nome de artista de televisão. bonito mesmo é ter nome da família.

viemos para o rio de janeiro há muito tempo, quando o carnaval ainda era de marchinha. assim que descemos do ônibus, mamãe disse: "agora, aqui no rio de janeiro, ganharemos a vida!". ela tinha o sonho de melhorar de vida e, lá no fundo, encontrar uma paixão... sim, ela amava papai. mas, amava-o porque havia casado e tiveram filhos. papai sempre fora um bom homem e amava mamãe. mas, amor de paixão, não era. eram duas pessoas de bem que viviam bem por um bem comum. não, não é exagero o uso de três "bem" em uma frase. nunca os vi brigar. nunca discutiram por nada. final de tarde, sentavam para conversar sobre tudo. eram como dois bons amigos. agora, se eles tinham intimidade... aí, já é outra coisa... então, mamãe veio para o rio de janeiro com a esperança de encontrar uma grande paixão. imaginação de quem ouvia novela pelo rádio e usava a imaginação para compor as cenas.

nos instalamos no bairro de santa tereza, em uma casa simples e muito bonita.  papai trabalhava como professor de literatura e mamãe era costureira... tinha mãos tão sutis capaz de fazer os melhores vestidos da região... com o passar do tempo, ganhou a credibilidade no bairro e os melhores fregueses! até o dia em que costurou um terno branco de linho para um rapaz de porte atlético e cabelo alinhado... mamãe se enamorou no instante em que tirava as medidas do rapaz. nunca a vi se dedicar tanto à costura de uma roupa... no dia em que o rapaz voltou para buscar o terno, ficou para um café. na semana seguinte, voltou com outra encomenda, ficou para o almoço. quando retornou para buscar a nova roupa feita, fez a cama com minha mãe. e nunca mais apareceu. mamãe havia conseguido o que almejava: encontrará uma paixão e descobriu o quanto seu coração poderia doer. não podia ver um terno branco de linho pela rua que estremecia. e dizia que era agouro. papai nunca descobriu. e, a partir desse dia, o amou como nunca. e, engraçado pensar agora, acho que a relação melhorou... talvez, porque mamãe se sentisse culpada e quisesse compensar o que havia feito. e sempre me dizia: "paixão é bom porque esquenta o coração. mas, quando passa, deixa o coração frio. amor é outra coisa, deixa o coração sempre quente".

se eu segui os conselhos de mamãe? quiçá... quem pode avaliar o que é amor e o que é paixão?




sexta-feira, 21 de setembro de 2012

baixos pudores

me engano. eu não estava nua. vestia um jeans surrado e uma camiseta modesta, que escolhi a dedo entre tantas outras. era um sábado à noite, você teria que voltar para sua casa e, de certa forma, odiei o tempo naqueles instantes. odiei o tempo enquanto te amava.

eu estava sentada na beirada da cama, de pernas cruzadas. lembro de esticar o braço até a estante de livros e retirar um com um texto erótico... não, ele não era erótico. ele era sensual. (será que, se o ler novamente para você, encontraremos nossos baixos pudores entre as páginas!?) eu estava sentada na beirada da cama e, você, havia escolhido o chão como o melhor lugar para apreciar aquela cena. lembro de você cruzar os braços sobre meus joelhos e descansar a cabeça sobre eles... 

folheei o livro. encontrei o texto. e, no decorrer das palavras impressas, você abriu o botão e tirou o jeans que eu vestia. e, enquanto eu dizia "eu quero te comer Sofia", você me dedicava cunilingus da forma mais provocativa. "eu quero te comer Sofia. me diga onde e quando". e os sentidos se misturaram entre os gemidos de excitação, o tesão da cena memorável e as palavras do livro.

"eu quero te comer Sofia. me diga onde e quando".

ao som de La Boheme, Charles Aznavour.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

dias e dias sem uma gota de água do céu

não. não era lamento sem intencionalidade alguma. havia um ar seco pairando sobre a cidade acompanhado de monóxido de carbono que tornava o ato de respirar algo quase insuportável. "tô seca", pensou. olhou pela janela e viu algumas nuvens sobre a cidade. "nuvens que não trazem nem sombra e, muito menos, água". dias e dias sem uma gota de água do céu.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

susto matinal

estrondo. susto. miado. cadeira caída. sangue no chão. desespero. cadê a zélia? patinha com sangue. miado. espera o pet abrir. miado. espera a veterinária chegar. miado. não me contenho. choro. veterinária chega. "que surpresa, as duas mães aqui!". desespero que se alivia. não é patinha quebrada. não é hemorragia. apenas a unha quebrada. consulta e curativo. R$60,00. volta para casa. nem dá mais para tirar uma foto... ela já tirou o curativo.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

às vezes, eu te amo. às vezes, eu daria um sorvete para não te encontrar por aí.

às vezes, eu tenho saudade de ti. às vezes, eu daria um sorvete para não te encontrar por aí. não, eu não irei dizer as mesmas balelas de sempre. calma. eu só quero dizer que, vez ou outra, você me cansa também. relações de amor e ódio, sei lá. e nem me peça para dizer "eu te amo". isso já perdeu sentido. dizer "eu te amo" é como dizer "bom dia" para o vizinho. automático. prático. mas, é o que queres ouvir, não é!? então, eu te digo. "bom dia vizinho".

eu só estou um pouco cansada disso tudo. cansada de alimentar teu ego para que você se sinta bem. eu não sou sua mãe. eu não sou sua irmã. eu sou alguém por aqui, que procura algo por todos os lados. e, na maior parte do tempo, eu sei bem o que procuro... rs. está certo. você não gosta que eu digo e eu finjo que não sinto. é isso!? negação, auto negação, negação alheia... foda. poderia ser diferente. poderia ser mais tranquilo, termos a cara mais limpa, podermos dizer as palavras que queremos dizer e não ficarmos na ofensiva... e por quê não poderia ser mais zen?! 

isso é passageiro. mas, há tanta coisa que gostaria de lhe dizer. tanta coisa que já senti que gostaria de compartilhar, sem ser julgada pelo moralismo que nos aprisiona. minhas necessidades, meus amores, meus pequenos casos... 

às vezes, eu te amo. às vezes, eu daria um sorvete para não te encontrar por aí.

domingo, 29 de julho de 2012

se...

se saudade fosse samba, eu seria carnaval. colocaria a velha guarda na avenida. me enfeitaria de purpurinas e paetês. colocaria as baianas no abre alas do amanhecer. se saudade fosse ideologia política, meu amor, seria anarquia. se saudade fosse poesia, seria eu a outra vida de Vinicius. se saudade fosse ... 

sexta-feira, 22 de junho de 2012

atende o telefone.

vai, atende o telefone. eu sei que você está aí. poxa, estou aqui... o relógio girando e meus olhos fixos no teto. já passei por todos os canais dessa tv e não acho nada que preencha esse vazio que estou sentindo... também, procurar algo que preencha esse meu vazio em um quadrado que me deixa vegetando...
por favor, atende o telefone e converse comigo. sei lá, me diga como foi teu dia, como foi o trabalho ou se teve alguma nova inspiração. ou se, simplesmente, sentiu minha falta. 
que essas horas passam e meus pensamentos já se tornam vagos... mas, como em um filme de pulsão, não consigo me desligar dos pensamentos. e muitos estão em ti. porra, senti tua falta. claro que senti. mas, estou tentando ficar bem e não fraquejar no orgulho próprio. 
levantei da cama. olhando a cidade por essa janela, é como se o céu estivesse sob nossos pés. esses pontos de luzes claras estáveis e os flashes vermelhos, como cometas que passam de sopetão. fiz um pedido. não, não para um carro que parece um flash vermelho feito cometa. fiz um pedido para um cometa de flash vermelho fingindo ser um carro.
ah, não desliga. sei que estou falando um monte de coisas sem sentido. mas, poxa, estou aqui, divagando contigo e, certamente, estás com os olhos fechados e dando pouca atenção para esse momento de blá blá blá. não, eu sei que não são coisas bobas. são esses pensamentos noturnos e perdidos de um dia que devorou meus sentidos.
enquanto estou aqui, milhões de pessoas dormem. outras milhões estão acordadas. e há duas pessoas ligadas por um fio tênue... você e eu.

domingo, 27 de maio de 2012

vem, vem comigo.

e ela sambava. e sambava com o primeiro que topasse. mas, dançava com os olhos fixos em minha pessoa. eu sabia, na verdade, que ela queria era sambar comigo. e sambava, girava e ria. e me olhava. e eu já não me aguentava. queria dançar com ela. mas, não ali. não com aquelas pessoas olhando para nós. como se seus pés tocassem o chão de forma silenciosa e delicada. e quando olhava para meus olhos, se aproximava mais daquele com quem dançava.
vem, vem dançar comigo? já não nos resta mais nada. a vida pode ser longa ou curta, tanto faz. o importante é viver e aproveitar tudo, todas as oportunidades, todas as horas, todas as luzes. vem, vem comigo. vamos para um lugar bonito, onde mais nada importe. vem, me dê sua mão e te puxo para junto de meu corpo. vem, e essa não será a última vez que lhe dirão sobre o amor. mas, vem comigo que te falo sobre os amores da vida, sobre os amores das estações, sobre os amores dos deuses. 
que se danem todas as responsabilidades burocráticas dessa sociedade moralista. vem, vem para junto de meus braços e te girarei para outras marchinhas de carnavais. que se danem todos os seus amores. que se danem todos os últimos beijos que destes e que não foram os meus. que se danem todas as posturas que deveríamos tomar. que se danem todas as normas de conduta, todas as casas de impostos, todos os compromissos da agenda. que se danem tudo. e todos! 
vem, vem comigo. que te mostrarei onde mora o infinito.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

eletroímãs

eram os olhos mais lindos que já havia visto. o preto profundo destoava com as ondas dos fios grossos de sua cabeleira. e seus lábios vermelhos se tornavam secundários, perto dos olhos redondos que me fitavam. a mão que deslizava pelo ar, levava o cigarro aos lábios vermelhos e voltava, dançando no espaço vago do invisível, em busca de aréolas de fumaça. ela me fitava, desviava os olhos que buscavam as aréolas e voltava o olhar para o ponto inicial, eu. ela queria. e eu também. e era impossível não sentir o arrepio que nos unia, feito eletroímãs. 
                                                                                                           

domingo, 15 de abril de 2012

para dar bom dia para Iemanjá...

e então, você veio. como quem dança na areia. como quem anda sem rumo, de forma pretensiosa, de forma perdida. já era tarde. ou cedo. não importa. estávamos ali. corpos na areia, olhando os navios que chegavam e partiam do porto de Santos. e nos apaixonamos pela luzes que iluminavam os navios, que piscava um, que piscavam vários. e a areia estava úmida. e a água estava morna. e quando vi, a vontade de entrar no mar era tamanha "que se dane as horas. vamos entrar no mar e dar bom dia para Iemanjá". e tiramos nossas roupas com um piscar de olhos. e todos partimos para o mar. e entramos naquela água escura, sem poder enxergar onde pisávamos. e a água, que não era fria, cobriu nossas cinturas, cobriu nossos peitos nus e só pudemos sentir uma felicidade que nos arrepiava a pele. a perfeição do ato e do impulso da ação. tudo se completou. como se houvesse uma leve linha tênue que selava todos aqueles sentimentos. como se Iemanjá tivesse preparado aquela noite quente. como se tudo estivesse nos esperando naquela noite, naquela praia, naquela gente. como se tudo estivesse ligado por uma linha tênue que nos fez entrar no mar para dar bom dia para Iemanjá...

quarta-feira, 21 de março de 2012

inconscientemente, ele me ama.

preciso de um tempo para pensar, para ficar sozinha, para sentir meus sentidos. tô precisando de um tempo egoísta, onde o EU seja a única coisa que me importa. tô precisando de um tempo para chorar quando der vontade de chorar... tô sentindo falta do meu eu. tô me sentindo desalinhada. meio fora de tom. meio sem cor. meio sem vida. já se sentiu assim!?

eu sei que ele me ama, mesmo que inconscientemente. só precisa de um incentivo para lembrar-se... quando ouço suas músicas, quando falo seu nome repetidas vezes ou quando relembro o dia em que nos vimos pela primeira vez... ele me olha. ele me vê. ele sabe o que sinto. ele sabe o que desejo. ele sabe com quem eu trocaria meias palavras bonitas por sexo. ele sabe. ele me saca. ele me completa.

às vezes, quando penso nele falando da tal joana, lily, rita, helena, angélica... que se danem essas mulheres! eu sei que quando ele chega junto aos meus ouvidos, ele vem cantando... cheio de dedos... cheio de jeitos... cheio de quem sabe o que quer... quando diz sobre suas viagens, quando diz sobre seus amigos, sobre suas antigas paixões... quando diz sobre suas indignações... já não me importa... porque, quando ele canta... meu amor, preciso te dizer... ele, com aqueles olhos azuis, com aquela pele já marcada pelo tempo, com aquele jeito de quem ritmiza minhas sentimentalidades, eu já não ligo para nada. eu sei que, inconscientemente, ele me ama. e isso me basta.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Chico Buarque de Holanda.


você ritmiza minhas sentimentalidades. você traz o samba para o pulsar do meu coração. não há palavra sua que não toque o que sinto. seus olhos verdes. sua pele já com marcas do tempo. seu cabelo já desbotado. sua voz já cansada de tanto cantar. simples. entrou. saudou. cantou. agradeceu. saiu. voltou. cantou. agradeceu. saiu. voltou. cantou. agradeceu. saiu. perfeito.
Chico, canta mais uma para os meus sentidos?

*foto: Chico Buarque e Wilson das Neves, por Samira Nagib.
show "Chico" - São Paulo, SP, 18mar12.

segunda-feira, 12 de março de 2012

se me amas, me deixe voar!

que acontece que os passarinhos dessas gaiolas estão quietinhos?!
não há latidos caninos. não há miados felinos.

o que acontece com esses pequeninos?
suas asas cortadas. suas penas arrancadas. seus bicos cerrados

para que tanta maldade? para que tanta vaidade?
cercados de grades. e dizem que é amor.

se me amas, me deixe voar!
me deixe planar em alto mar, em altas copas de árvores.

se me amas, me deixe voar!
porque amor só vive em liberdade.

para que tanta maldade? para que tanta vaidade?

sexta-feira, 9 de março de 2012

é um pássaro? é um avião?



- se meu pai tivesse um teco teco, eu seria feliz...
- teco teco?
- um avião.
- eu sei que é um avião. mas, meu pai não tem um avião.
- tem sim.
- meu pai tem um ultraleve.
- voa, não voa?
- voa.
- é animal?
- não.
- foi feito pelo homem?
- sim.
- pronto. é um avião.

para Maurício Zink.
foto: Maurício Zink.



terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

ditos para minha irmã II

Minha querida irmã.

Nessa terra, abaixo da linha do Equador, jaz um calor insuportável. As manhãs são anunciadas antes que o relógio desperte na hora marcada. O ar quente faz com que nossos dias sejam cobiçados no inverno e que a boca fique seca logo após o copo dágua. Há gotículas nas folhas das árvores, dando a impressão de que suam e as flores encontram-se em seu máximo color. Esses dias onde o sol é mais forte pela manhã e a tarde dispõe seu lugar à tempestade. As ruas dão lugar à rios e os automóveis se tornam submarinos.
Somos um país de pessoas desenganadas. Mas, de tenro coração. Somos um país de políticos corruptos. Mas, esse povo teima na fé em Nossa Senhora Aparecida e alguns Orixás. Somos o país do carnaval, da nudez, das nádegas. Somos o país do futebol, do samba. Somos o país de Chico Buarque de Holanda.
Abraços saudosos da família.
Fev/2012.


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

2.5

"Que comece agora. E que seja permanente essa vontade de ir além daquilo que me espera. E que eu espero também. Uma vontade de ser. Àquela, que nasceu comigo e que me arrasta até a borda pra ver as flores que deixei de rastro pelo caminho. Que me dê cadência das atitudes ...na hora de agir. Que eu saiba puxar lá do fundo do baú, o jeito de sorrir pros nãos da vida. Que as perdas sejam medidas em milímetros e que todo ganho não possa ser medido por fita métrica nem contado em reais. Que minha bolsa esteja cheia de papéis coloridos e desenhados à giz de cera pelo anjo que mora comigo. Que as relações criadas sejam honestamente mantidas e seladas com abraços longos. Que eu possa também abrir espaço pra cultivar a todo instante as sementes do bem e da felicidade de quem não importa quem seja ou do mal que tenha feito para mim. Que a vida me ensine a amar cada vez mais, de um jeito mais leve. Que o respeito comigo mesma seja sempre obedecido com a paz de quem está se encontrando e se conhecendo com um coração maior. Um encontro com a vontade de paz e o desejo de viver." - Caio Fernando Abreu.

são 25 anos.

mais perto da fase de Balzac...

minhas bodas de prata com a vida.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

saudade ou opções para sonhar?

sonhei com você. e já não sei se é saudade ou falta de opções para sonhar. às vezes, acho que é saudade... às vezes, acho que preciso de inspirações para sonhar. talvez, até ler um livro antes de dormir ou mesmo assistir a um filme que me dê aquele tesão de sonhar. não tenho sonhado com outra coisa a não ser você.

você e seu jeito que me fazia feliz. feito aqueles comprimidos mágicos que os psiquiatras receitam. seu jeito de quem mexia os quadris e me levava à dançar mesmo que uma dança sem música, sem platéia. e nem gosto tanto assim de sonhar com você... mas, quando sonho...

tenho vontade de te ligar, ouvir sua voz e mesmo sabendo que será ríspida e seca comigo, ser a esperança da seca do meu sertão. ou saber como está o sol sobre o seu signo. saber por quem tem se apaixonado (e tem?!) e se sonhas comigo, como eu sonho com você... e se não sonhar, tudo bem. foi bom falar com você.