textos de própria autoria, de própria vida. minha vida, sua vida, nossa vida.



terça-feira, 31 de maio de 2011

sua falta...

sabe lá deus quando leras isso mas, desde ontem, senti uma imensa vontade de te dizer algo... talvez, só puxar papo e ter um cadinho de ti... talvez, prolongar o papo e ouvir um pouco mais a sua voz... ouvir você resmungar sobre o trabalho, da falta de tempo, das crises pessoais... ou só te ouvir falar. deixaria você até falar sobre astrologia, junção planetária ou falta de dinheiro. mas me bateu uma imensa saudade... daquelas que não sabemos quando iremos nos ver ou aquelas que são existentes por nossos imperativos categóricos da vida.
mas a questão é que sinto sua falta. sinto saudade. sinto um vazio aqui. sinto falta de uma porção de coisas... mas sinto falta do principal: de ter você por perto. e mesmo que o perto seja o distante, eu já tive você mais perto. mais próximo do meu calor... sinto falta das mensagens durante o dia ou mesmo aquelas que vinham em horários que não deveriam vir. sinto falta de suas ligações banais só para saber como estou ou ouvir minha voz. ou mesmo aqueles encontros rápidos, aquelas descidas de ruas, aqueles momentos em que nos pegávamos desviando de folhas ou dividindo um mesmo gole de água...
sinto sua falta.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

desconhecido.

só mais um rosto desconhecido. ou, antes, conhecido em cada traço de pele. o que temos agora é algo que se assemelha com o vazio posto entre o passado vivido e o presente desconhecido. como dois seres que nunca se conheceram na vida e com uma ínfima possibilidade disso acontecer, não há olhares de espaço, não há nada que represente alguma ligação entre essas pessoas.
entre um passado que foi vivido, foi chorado e está entre os arquivos pessoais à ser esquecido, o rosto desconhecido se encontra entre todas as lembranças que devem ser guardadas em alguma caixa de madeira de nossa memória. você estará sempre, mas embaixo de outras centenas de lembranças que me farão não mais querer remexer em nada.
absolutamente nada. nenhum contato virtual, telefônico, pensamento. ou visual. lembrar é natural e acontece, principalmente, em algumas ocasiões que foram compartilhadas. mas, hoje, as faço como um photoshop, você é retirada de cada possível lembrança que possa surgir. não, não que eu queira esquecer o passado, mas quero guardá-lo em um lugar onde ele não venha mais à tona. impedindo que ele se misture com o presente ou com as coisas vividas. sim, aposto que lembras de minha pessoa em algumas ocasiões, alguns lugares ou em algumas músicas. mas são lembranças passageiras que são tomadas por lembranças presentes. e assim devem ser. como dizem alguns psicólogos: é a morte sombólica.
assim, ficamos como estamos: quando nos vemos, quando estamos em um mesmo espaço, em uma mesma fila de padaria, passando por uma mesma rua, somos meramente desconhecidas, cada uma em sua mera vida, esplêndia em seu dia.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

aceita?

- amor, quer casar comigo?

- caso.

- morar comigo?

- adoraria.

- ser minha namorada?

- seria tua mulher, tua amante, tua namorada.

- dormir abraçadinho toda noite?

- pode ser de conchinha?

- é meu jeito preferido.

- e todas as manhãs preparar café para você?

- e tomaria café com você enquanto fumo meu primeiro cigarro do dia.

- aceita?

- aceito. aceita?

- aceito.


***


- me lerás poema todas as noite?

- teria uma biblioteca com os melhores poetas do mundo. mas lerei contos também. até livros! e revezaríamos na leitura.

- me acordaria todas as manhãs cantando?

- gosto de cantar Chico todas as manhãs. pode ser?

- amo Chico... amaria mais ouvindo você cantar.


***


- você dá comida para os gatos e eu cuido das plantas?

- poderíamos ter cactos também?

- claro amor.

- meu pai pode ir nos visitar?

- claro que pode. adoraria conhecê-lo!

- no domingo podemos almoçar com a sua mãe?

- minha mãe teria longas conversas com você.


***


- tudo bem... tudo bem... você sai com a Bia e eu saio para beber com o Júlio... beleza?

- ah, adorei a ideia. e não se esqueça de dar atenção para o Nestor.

- ok, ok, o Nestor...


***


- ah, tem os dias das ex, ok? você sai para tomar um café com o Pedro e eu visito a Morena e a Tereza... num outro dia, visito a Soraia.

- claro, só não sei se o Pedro tomaria um café comigo... mas tudo bem.


***


- sou dengoso. quero todos os carinhos e mimos do mundo, todos os dias.

- e já não te encho de mimos e carinhos todos os dias?

- sempre é bom mais... para garantir.

- me ensina a fotografar?

- te ensinarei à observar as coisas e irás descobrir a tua arte de fotografar.

- amei isso. faço jantar para nós.

- claro, mas preciso aprender a cozinhar também!

- ok. te ensino também o que sei.


***


- não faltará vinho.

- não faltaram os amigos.

- sobrará amor.

- e o desejo será conquistado todos os dias.


***


- aceita?

- aceito. aceitas?

- aceito.

*poema em quatro mãos.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

c.f.a.

“Eu te amei muito. Nunca disse, como você também não disse, mas acho que você soube. Pena que as grandes e as cucas confusas não saibam amar. Pena também que a gente se envergonhe de dizer, a gente não devia ter vergonha do que é bonito. Penso sempre que um dia a gente vai se encontrar de novo, e que então tudo vai ser mais claro, que não vai mais haver medo nem coisas falsas. Há uma porção de coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que fugi de você e voltei e tornei a fugir. São coisas difíceis de serem contadas, mais difíceis talvez de serem compreendidas — se um dia a gente se encontrar de novo, em amor, eu direi delas, caso contrário não será preciso. Essas coisas não pedem resposta nem ressonância alguma em você: eu só queria que você soubesse do muito amor e ternura que eu tinha — e tenho — pra você. Acho que é bom a gente saber que existe desse jeito em alguém, como você existe em mim.”



Caio Fernando Abreu.

sábado, 7 de maio de 2011

amores e homeopatia.

queria sentar contigo e dizer sobre todos os amores de minha vida. todos os amores passados, os amores presentes e os amores futuros. minhas sentimentalidades deveriam ser controladas através de homeopatia. mas abandonei qualquer forma que me prive de uma sensibilidade que mexa com o corpo e com a alma. gotas de homeopatia que deveriam controlar meu líbido, minha lúxuria, meus fetiches... são prazeres carnais (e nem tão carnais assim), que fazem com que minha pessoa levante essa carcaça e viva durante o dia. se não fosse isso, que graça teria?!

consultas à cartomantes... vi um anúncio sobre amarração de amor. pensei em você. dei risada. te liguei. você riu... não faria amarração de amor e nenhum tipo de... ah, você sabe. eu estou aprendendo sobre você, seu tempo, todas as suas particularidades, todas as suas formas, todas as suas cores, todas as suas oscilações de humor. mas o que mais gosto é pensar que, mesmo em dias onde o seu temperamento se mistura entre me amar e me odiar, você me liga só para dizer que me odeia, só para ouvir minha voz. meu amor e meu ódio. seu amor e seu ódio. nosso vício.

você é meu conta gota. minha fórmula calmante e entorpecente. minha homeopatia.