textos de própria autoria, de própria vida. minha vida, sua vida, nossa vida.



quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

lorota - esp 2011

mais uma turma que entra
e a minha turma que sai
já se perde as contas de quantas pessoas cá conheci
e quantas outras ouvi falar
e outros que nem me arrisco em lembrar.

aqui há lendas, lembranças e possibilidades.
lendas de um casarão encantado,
seu falecido e jamais esquecido abacateiro e
seu principe encantado Adão,
cavalheiro de uma terra literária.
lembranças de festas, aulas e situações que marcaram
os caminhos dos sociólogos,
dos pseudo-sociólogos e amigos afins.
e possibilidades de expansão de conhecimentos,
novidades, relações sociais e simplicidade.

por estes caminhos que hoje se apagam atrás de um monstro de concreto,
se esconde assembléias, as preguiças e a sombra de uma árvore que existia.
a sociologia brasileira por cá nasceu.
e foi crescendo conforme as inspirações e expirações fantásticas
dessas cabeças mirabolantes.

sociólogo não fica rico. sociólogo fica depressivo, alcoólatra e amigo.
e, principalmente, se torna um observador de uma sociedade quase invisível.

domingo, 16 de janeiro de 2011

a auto destruição de Amy.

http://musica.uol.com.br/ultnot/2011/01/16/em-ultimo-show-no-brasil-amy-winehouse-transforma-seu-universo-intenso-em-poucas-emocoes.jhtm

"Pelo público, Amy foi recebida como um mito da nova geração. Fãs dedicados e uma plateia afoita por consumir a imagem de seu processo de auto destruição dividiam o mesmo espaço. O primeiro grupo vibrava a cada destreza vocal que superava em sua performace. O segundo, aplaudia todas as vezes que ela coçava o nariz ou levava à boca uma caneca cheia de algum líquido que usava ainda para gargarejar, como um alvo redundante de quem esperava por um vexame daquela figura de postura desengonçada."

Sim, eu estive lá. Eu vi a auto destruição de um talento. A decepção era coletiva e a minha só foi superada no final, com a música "Me & Mr Jones". As balançadas de corpo, a voz trêmula e as falhas nas letras cantadas demonstravam, nitidamente, a presença de bebida no sangue e cocaína, demonstração de coceiras no nariz constante.

Ela entrou no palco embaixo de aplausos de pessoas que estavam ali para ouvir suas músicas ou ter a experiência de vê-la antes de morrer. Cantou músicas melancólicas e poucas que fizeram o público clamar por mais. Foi apática.

E eu, como outros que lá estiveram, terão a oportunidade de dizer "eu vi Amy Winehouse antes de morrer". Ela ou eu.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

a hora de dizer adeus.

abriu a porta do armário e olhou para o que guardava há anos. tirou de dentro do armário a mala que deveria ser feita com todas seus pertences de anos. mas não havia coragem suficiente para isso. a dúvida e incerteza sobre o que poderia acontecer pesava seus braços à ponto de não ter forças para retirar uma blusa se quer da gaveta. sentou no chão, olhou ao redor e foi acometida pela lembrança de tudo o que foi conquistado nesses anos. compra de utensílios, móveis, roupas, a chegada dos gatos. tudo o que viveu, todas as glórias e inglórias, estavam esvaindo pelos dedos que antes demonstrava amor.
ele entrou no apartamento. olhou para ela sentada no chão. olhou para a mala. e parou. ficaram se olhando como se a conversa não precisasse de palavras.
- você tem certeza do que está fazendo?
- não, não tenho.
ela levou as mãos ao rosto e chorou. chorou pela incerteza dessa vida e por todos os caminhos que poderiam ter sido feito e não os foram. chorou pela falta de tolerância, pelo excesso de ciúmes, pela falta de confiança que ele emanava no casamento. ele passou por ela, olhou para a mala ainda vazia e chegou perto de seu ouvido.
- eu te amo. e sei que te amarei sempre. e sei que tenho culpa por essas incertezas entre nós. e também sei que, se você arrumar essas malas e sair por essa porta, não voltará. tal como morrerei por dentro em saber que não terei mais o seu rosto todos os dias para amar.
- eu já não posso conviver com essa situação. você vive de um ciúme que me sufoca, como um peixe ao ser retirado do mar. você me prende em uma redoma e me coloca em um altar onde eu não quero estar. eu quero viver. quero respirar e poder olhar para os lados sem pensar que você pode achar que eu estou olhando para outro.
- não suporto pensar que outra pessoa te abrace ou te beije como eu faço. você me mostrou uma vida linda, possível para nós. eu tento, todos os dias, controlar meu temperamento e ser um homem que você ame. mas essa ideia de outro te amar me mata, me causa dor e sofrimento.
- você desconfia de meus passos, de meus modos. você não tolera minha risada em uma roda de amigos e nem que eu tenha amigos. é um ciúme doentio que está acabando com nós. aliás, com você. porque já não aguento mais isso e não quero amargurar anos com isso.
ela se levantou. abriu a mala e começou a arrumar suas roupas. ele sentou na cama e olhou a cena que dilacerava seus sentimentos.
- por favor, não faça isso. não vá. me dê mais uma chance.
- eu te dei todas as chances nesses anos e você nunca fez por merecer outra. - ela leva as mãos ao rosto na tentativa de dispersas as lágrimas.
ele se levanta, caminha até ela e a ergue do chão.
- eu te amo. e peço que fique. - a segura entre seus braços e a beija, talvez, como nunca tenha a beijado antes.
- eu também te amo. mas já não acredito nas suas promessas de melhorias. você já me prometeu tanto isso, que não há como acreditar.
- fique.
- e se eu ficar. o que acontecerá de diferente?
- eu te amarei. e não com o meu amor que cabe à nós. mas o meu amor que cabe somente ao que sinto.
- como acreditar em você?
- não acredite. eu te mostrarei.
na hipótese de perder a mulher que ama e de forma avassaladora, ele a pega em seus braços. a carrega para a cama e faz amor com ela, de uma forma que nunca fez antes.