textos de própria autoria, de própria vida. minha vida, sua vida, nossa vida.



domingo, 27 de maio de 2012

vem, vem comigo.

e ela sambava. e sambava com o primeiro que topasse. mas, dançava com os olhos fixos em minha pessoa. eu sabia, na verdade, que ela queria era sambar comigo. e sambava, girava e ria. e me olhava. e eu já não me aguentava. queria dançar com ela. mas, não ali. não com aquelas pessoas olhando para nós. como se seus pés tocassem o chão de forma silenciosa e delicada. e quando olhava para meus olhos, se aproximava mais daquele com quem dançava.
vem, vem dançar comigo? já não nos resta mais nada. a vida pode ser longa ou curta, tanto faz. o importante é viver e aproveitar tudo, todas as oportunidades, todas as horas, todas as luzes. vem, vem comigo. vamos para um lugar bonito, onde mais nada importe. vem, me dê sua mão e te puxo para junto de meu corpo. vem, e essa não será a última vez que lhe dirão sobre o amor. mas, vem comigo que te falo sobre os amores da vida, sobre os amores das estações, sobre os amores dos deuses. 
que se danem todas as responsabilidades burocráticas dessa sociedade moralista. vem, vem para junto de meus braços e te girarei para outras marchinhas de carnavais. que se danem todos os seus amores. que se danem todos os últimos beijos que destes e que não foram os meus. que se danem todas as posturas que deveríamos tomar. que se danem todas as normas de conduta, todas as casas de impostos, todos os compromissos da agenda. que se danem tudo. e todos! 
vem, vem comigo. que te mostrarei onde mora o infinito.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

eletroímãs

eram os olhos mais lindos que já havia visto. o preto profundo destoava com as ondas dos fios grossos de sua cabeleira. e seus lábios vermelhos se tornavam secundários, perto dos olhos redondos que me fitavam. a mão que deslizava pelo ar, levava o cigarro aos lábios vermelhos e voltava, dançando no espaço vago do invisível, em busca de aréolas de fumaça. ela me fitava, desviava os olhos que buscavam as aréolas e voltava o olhar para o ponto inicial, eu. ela queria. e eu também. e era impossível não sentir o arrepio que nos unia, feito eletroímãs.