textos de própria autoria, de própria vida. minha vida, sua vida, nossa vida.



domingo, 2 de maio de 2010

canção do exílio moderno.

minha terra tem arranha-céus,
onde o sol vive entrelaçado.
de tantas aves que aqui gorjearam,
restou somente poucas para cantar.
*
nosso céu é empalidecido pela fumaça dos carros,
nossos campos estão secos e há estiagem no sertão,
nossos bosques estão queimados,
pela ganância de outros irmãos.
*
em indignar, me pergunto todas as noites,
onde estará o Sabiá que gorjeara por cá?
minha terra já não tem estrada de terra,
onde o chão batido ainda se faz miragem.
*
minha terra tem morenas,
donas de enúmeros amores.
são netas dos negros escravos,
que desse pátria fizeram canção.
minha terra tem muitas histórias,
e nem sei por onde começar.
*
não quero partir dessa vida sem retornar,
para minha saudosa terra, que tanto amargo em saudade.
quero provar dos vislumbres e das graças que aquela gente
carrega em seu peito marcado pelo suor do trabalho.
sem que deixe de cair água de chuva
nessa terra seca pela dor e pelo cansaço.
***
ps: inspirado no poema "canção do exílio", de gonçalves dias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Outros dizem...