textos de própria autoria, de própria vida. minha vida, sua vida, nossa vida.



sábado, 2 de outubro de 2010

o homem que não é da casa.

a casa das quatro mulheres. e sempre foram as quatro e somente. está certo. no início, teve um homem por lá, para se sentir o dono do mundo, o mandante do pedaço, o cara. mas ele logo perdeu o trono, quando já não era mais o homem da casa. o homem da casa era a mãe. aliás, era a mulher da casa. zelou por tudo, providenciou tudo, cuidou de tudo. mas, o homem da casa que nunca foi homem, sempre esteve ausente, em suas noitadas e buscas infinitas por um rabo de saia. perdeu seu status de homem da casa e toda sua dignidade que restava.
nunca esteve presente. não sabe como as filhas se sentiram nos dias em que ele bravejou palavras cruas e cheias de dor. nunca teve ideia do que era um trabalho escolar de uma filha ou a busca terrível pela identidade da adolescência. era somente "alô?" e nada mais. sua presença paterna era de idas ao zoológico e, vez ou outra, ao parque da cidade. não passava disso. não fez nada além. talvez, não quisesse fazer algo além.
sua ideia era de procriar. e assim o fez. fez muitas vezes. perdesse a conta de filhos que teve ou com quantas mulheres se deitou para fazer jus ao seu mandato de "homem". já não tinha nada mais que isso. um instrumento no meio das pernas que ordenava sobre sua vida. um mero instrumento que, com os anos, deixava de ser tão útil assim.


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