se não posso voar, coleciono passarinhos. invejo suas asas, olho para o céu, sinto a brisa do fim de tarde e me imagino em um mergulho no ar. andorinha, arara azul, tucano. da poesia, de Oxum, da fala. os meus pássaros. na minha pele. não na vaidade, mas na vontade de ser pássaro. pássaro que não vive em gaiola, que canta triste. pássaro livre que vive ao vento, na copa das árvores, no raio de sol. pássaro que é como Fernão Capelo Gaivota, que vai além, que rompe limites, que desafia a crença alheia e que faz seu próprio voar.
se não posso voar, clamo por minha fé, meus órixas. visto branco, rezo meus cantos, bato cabeça. Oxóssi, Oxum, Iansã. da força de quem me rege, matenho-me de pé. bambu que balança, mas não verga. da força do caçador, da beleza da deusa do amor e da força dos ventos de Oyá.
se não posso voar, firmo raiz e não arredo o pé. dos caminhos por onde passei, dos amores que amei, das sementes que plantei. tempo de colheita. de frutos bons, flores bonitas. mas tempo de plantio eterno. afinal, para nascer girassol, temos que plantar grama bonita.
se não posso voar, me imagino no ar. se não posso voar, fico feliz por aqui estar. se não posso voar, não deixo de sonhar.
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