- se você quiser continuar nossa história, terá de conviver com isso. não irei largar nada. terá somente um pedaço de mim e não o completo. não largarei a batina e a igreja.
após as palavras, as lágrimas surgiram em seus olhos. sabia que não teria, por completo, aquele homem por quem seu amor brotara cada dia. teria somente uma parte, por diversas vezes, somente um pedaço.
diversas foram os pensamentos em lhe deixar, em nunca mais saber daquele homem. mas sabia que não o conseguiria, não agora, não hoje. tento, por vezes, mas sem sucesso. sempre havia algo que a remeteria para o lado daquele afeto. mas o que teria esse sentimento?
ela não sabia sobre o que queria. se queria um futuro nessa história ou somente o momento do agora. quando deixar de amá-lo, isso não sabia. e talvez, nem o quisesse saber. mas deixaria isso para um futuro que seria tão incerto para suas respostas quando a imensidão daqueles olhos que a fitava enquanto procurava seu corpo durante a noite.
ele celebrava missas, rogava a palavra de deus, ouvia confissões. durante a noite, a cama não lhe era solitária. teria a presença dela e não seria a presença de deus. o que sentiria esse homem, que estaria passando por um questionamento constante sobre o que era sua vida. amava a batina e todo aquele sentimento de fé cristã que, durante anos, estudou para chegar onde chegou. mas não esperava amar uma mulher enquanto carne e afeto.
as palavras entre os dois se perdiam. preferiam não falar sobre o futuro, sabendo que esse seria um triste e doloroso fim. mas viviam plenamente, quando juntos, no motel, no quarto dela ou na morada da igreja dele, onde ninguém percebia. como poderia ser pecado se amarem se o próprio deus disse que deveriam, os seres, se amar uns aos outros. por que ele não poderia amá-la e continuar fazendo aquilo que tanto amava?
textos de própria autoria, de própria vida. minha vida, sua vida, nossa vida.
terça-feira, 28 de abril de 2009
terça-feira, 21 de abril de 2009
.transeunte paulista.
a maioria de minhas necessidades estão próximas às linhas do metrô, o que me torna uma usuária constante desse meio de transporte.
poucas vezes uso os serviços de ônibus (acho cansativo, demorado, desconfortável e outros lástimas), sendo às vezes utilizadas para idas à casa de amigos ou trabalho de fim de semana.
dia 18 de abril, sábado, às 21h saiu do anhangabaú e pego ônibus na consolação. o dia está um pouco frio e é escuro o centro de são paulo, somente alguns transeuntes perdidos na noite paulistana ou à procura de algo, o que desperta um clima estranho no ar. não acho agradável andar pelo centro em horários noturnos.
quando o ônibus atravessa a rua xavier de toledo e, na esquina com o viaduto do chá, é possível vêr no cruzamento um par de moradores em situação de rua. um menino e uma menina, não devem ter mais de 16 anos. ambos estão cercando os transeuntes daquele lugar. os que estão em grupos, facilmente dispersão a atenção do par de moradores, mas os que andam solitários, não tem essa sorte. se contorcem para evitar o confronto com aqueles indíviduos. ao que vi, nada conseguiram.
no início da avenidade tiradentes, encontramos o centro comercial de cerimônias matrimoniais. as ruas estão vazias, poucos são os carros que trafegam aquelas quadras. o bairro: luz. o que vemos: nada. apenas algumas pessoas que passam pela avenidade, sem irem além daquelas esquinas. as lojas com suas portão fechadas, a luz dos postes com tonalidade baixa, deixam um clima suspeito no ar.
no início da avenidade cruzeiro do sul, existe um muro com um free style que chama a atenção: O AMOR É IMPORTANTE, PORRA. próximo ao terminal do tietê, as pessoas ainda embarcam na esperança de aproveitar o feriado prolongado de são paulo.
no decorrer do percurso, penso sobre a utilidade do ônibus para descobrir a realidade da cidade.
o que se percebe: ela pede ajuda em silêncio.
poucas vezes uso os serviços de ônibus (acho cansativo, demorado, desconfortável e outros lástimas), sendo às vezes utilizadas para idas à casa de amigos ou trabalho de fim de semana.
dia 18 de abril, sábado, às 21h saiu do anhangabaú e pego ônibus na consolação. o dia está um pouco frio e é escuro o centro de são paulo, somente alguns transeuntes perdidos na noite paulistana ou à procura de algo, o que desperta um clima estranho no ar. não acho agradável andar pelo centro em horários noturnos.
quando o ônibus atravessa a rua xavier de toledo e, na esquina com o viaduto do chá, é possível vêr no cruzamento um par de moradores em situação de rua. um menino e uma menina, não devem ter mais de 16 anos. ambos estão cercando os transeuntes daquele lugar. os que estão em grupos, facilmente dispersão a atenção do par de moradores, mas os que andam solitários, não tem essa sorte. se contorcem para evitar o confronto com aqueles indíviduos. ao que vi, nada conseguiram.
no início da avenidade tiradentes, encontramos o centro comercial de cerimônias matrimoniais. as ruas estão vazias, poucos são os carros que trafegam aquelas quadras. o bairro: luz. o que vemos: nada. apenas algumas pessoas que passam pela avenidade, sem irem além daquelas esquinas. as lojas com suas portão fechadas, a luz dos postes com tonalidade baixa, deixam um clima suspeito no ar.
no início da avenidade cruzeiro do sul, existe um muro com um free style que chama a atenção: O AMOR É IMPORTANTE, PORRA. próximo ao terminal do tietê, as pessoas ainda embarcam na esperança de aproveitar o feriado prolongado de são paulo.
no decorrer do percurso, penso sobre a utilidade do ônibus para descobrir a realidade da cidade.
o que se percebe: ela pede ajuda em silêncio.
*foto por Samira Nagib.
domingo, 12 de abril de 2009
. a noite mais fria do ano .
. "a noite mais fria do ano". texto de marcelo rubens paiva. com Alex Gruli, Hugo Possolo, Mário Bortolotto e Paula Cohen.
após três semanas aguardando para assistir a peça do marcelo rubens paiva, constatei que foi merecido.
composta por quatro atores, dois cenários e uma assistente de palco (e o marcelo na lateral direita do palco dirigindo a peça), possui duração de 90 minutos.
dois personagens abrem a primeira cena: uma praia, dois homens, Renato e Caio, conversam sobre uma mesma mulher. no desenrolar, um deles é marido da mulher com quem o outro mantem um caso e se afirma apaixonado pela mesma, disposto à pagar pelo fim do casamento.
segunda cena: um apartamento, quatro pessoas, Renato, Caio, Carol e Dan, um grupo de teatro discutindo sobre a cena anterior, que faz parte da peça do Dan. no desenrolar da cena, ficam no palco somente Carol e Dan, que já foram casados e discutem sobre relacionamentos e crises pessoais. no contexto, ele ainda a ama e sempre está disposto em ajudá-la.
************************
uma peça que poderia permanecer mais tempo em cartaz.
com certeza, iria vê-lo novamente.
parabéns Marcelo, como sempre.
após três semanas aguardando para assistir a peça do marcelo rubens paiva, constatei que foi merecido.
composta por quatro atores, dois cenários e uma assistente de palco (e o marcelo na lateral direita do palco dirigindo a peça), possui duração de 90 minutos.
dois personagens abrem a primeira cena: uma praia, dois homens, Renato e Caio, conversam sobre uma mesma mulher. no desenrolar, um deles é marido da mulher com quem o outro mantem um caso e se afirma apaixonado pela mesma, disposto à pagar pelo fim do casamento.
segunda cena: um apartamento, quatro pessoas, Renato, Caio, Carol e Dan, um grupo de teatro discutindo sobre a cena anterior, que faz parte da peça do Dan. no desenrolar da cena, ficam no palco somente Carol e Dan, que já foram casados e discutem sobre relacionamentos e crises pessoais. no contexto, ele ainda a ama e sempre está disposto em ajudá-la.
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uma peça que poderia permanecer mais tempo em cartaz.
com certeza, iria vê-lo novamente.
parabéns Marcelo, como sempre.
quinta-feira, 9 de abril de 2009
.outuno.
a brisa gélida de outono talvez seja a época mais estranha e passada para meus sentidos.
todos os lugares por onde costumo passar, carrega consigo um pouco de muita coisa do que já foi passado. mas, com essa brisa de outono, parece que tudo irá se refazer ali, em minha frente. é como se eu pudesse sentir o mesmo cheiro, o mesmo gosto, o mesmo sentido, ouvir as mesmas coisas, as mesmas pessoas, falar com gente já esquecida.
os caminhos que percorro, por mais que tente desfazer uma rua ou outra, me levam ao mesmo ponto, o mesmo ponto que fujo antes de tudo. antes de querer, já há uma saída de prontidão.
são memórias que os ventos de outono costumam soprar com suas brisas. são as mesmas datas, em épocas distintas... achei memórias que ganhei de amigos que não estão, necessariamente, ligadas à nada. mas que remetem aquela época por serem coisas do mesmo dia. e foram tantas coisas... ainda tenho na recordação cada minuto do primeiro dia,..., mas são somente memórias. coisas que ficaram longíquas, que somente a brisa de outono revive. mas são somente memórias, recordações de outra vida.
não as quero novamente. as lembranças são somente para provar que as coisas tiveram passagem e tiveram seu tempo, e que acabou. e é isso. o que tenho hoje são lembranças; boas ou não, depende do dia, do humor, da companhia...
segui em frente. não parei no tempo nem deixei minha face se desfazer em lágrimas vil, talvez, os motivos não as merecessem de fato.
e o que merece ser guardado na memória? o que fazer com as passadas? existe algum tipo de arquivo com senha para escondê-las?
todos os lugares por onde costumo passar, carrega consigo um pouco de muita coisa do que já foi passado. mas, com essa brisa de outono, parece que tudo irá se refazer ali, em minha frente. é como se eu pudesse sentir o mesmo cheiro, o mesmo gosto, o mesmo sentido, ouvir as mesmas coisas, as mesmas pessoas, falar com gente já esquecida.
os caminhos que percorro, por mais que tente desfazer uma rua ou outra, me levam ao mesmo ponto, o mesmo ponto que fujo antes de tudo. antes de querer, já há uma saída de prontidão.
são memórias que os ventos de outono costumam soprar com suas brisas. são as mesmas datas, em épocas distintas... achei memórias que ganhei de amigos que não estão, necessariamente, ligadas à nada. mas que remetem aquela época por serem coisas do mesmo dia. e foram tantas coisas... ainda tenho na recordação cada minuto do primeiro dia,..., mas são somente memórias. coisas que ficaram longíquas, que somente a brisa de outono revive. mas são somente memórias, recordações de outra vida.
não as quero novamente. as lembranças são somente para provar que as coisas tiveram passagem e tiveram seu tempo, e que acabou. e é isso. o que tenho hoje são lembranças; boas ou não, depende do dia, do humor, da companhia...
segui em frente. não parei no tempo nem deixei minha face se desfazer em lágrimas vil, talvez, os motivos não as merecessem de fato.
e o que merece ser guardado na memória? o que fazer com as passadas? existe algum tipo de arquivo com senha para escondê-las?
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