textos de própria autoria, de própria vida. minha vida, sua vida, nossa vida.



quinta-feira, 8 de outubro de 2009

.conversa fiada.

ela entrou no metrô, sentou-se no banco e largou a mochila sobre o colo.
ele entrou no mesmo vagão, sentou-se no mesmo banco que ela e deixou a mochila pesada no chão. virou-se para ela e disse:
- oi.
espantada, ela responde:
- oi.
- dias estranhos esses, né?! que faz sol e chuva quase ao mesmo tempo. a gente nunca sabe o que irá acontecer no final do dia.
- é verdade.
- eu sai de casa esperando que hoje fizesse sol ou um calorzinho pelo menos. aquele tipo de calor que dá vontade de tirar a blusa de manga longa e deixar o vento bater no pescoço. mas parece que o tempo está brincando com a gente...
- eu sei. sai de casa e deixei toda a roupa lavada no varal. mas acho que a chuva vai molhar tudo de novo e terei de lavar...
- roupas brancas ou coloridas?
- roupas brancas.
- ah, então não tem tanto problema. o pior é roupa colorida molhada pingando toda hora. imagina isso?! seria um pinga pinga colorido... rs
- verdade. não havia pensado nisso.
- ...
- ...
- já pensou na possibilidade de se apaixonar por uma pessoa que você nunca viu na vida?
- hã?
- sim. nunca te passou pela cabeça que a sua alma gêmea, o grande amor da sua vida, o pai dos seus filhos pode pegar o mesmo caminho que você todo dia e, por questões bobas, você nunca saberá, porque não puxa papo com ele?
- nunca pensei. mas, o que você quer dizer com isso?
- as pessoas não conversam. e, pelo simples fato de conversar, não que haja algum interesse. esses dias reparei que, quando ando com meu cachorro na rua, as pessoas são mais simpáticas, sorriem mais e até puxam papo. mas só quando estou com meu cachorro. quando estou só, elas mal sabem que estou ali passando.
- triste isso. sentia algo assim no início da faculdade. ou eu me isolava dos outros ou era excluida por ser novata. mas, com o passar do tempo, fui me adaptando àquele ambiente e aquela pessoas. hoje estou bem.
- mas isso aconteceu na faculdade. e no dia-a-dia?
- eu me relaciono com meu fone de ouvido.
- está vendo onde quero chegar? as pessoas deixam de conversar com outras para ficar no seu mundo de fones de ouvidos... uma conversa pode mudar muita coisa!

plim plam, estação sé. desembarque pelo lado esquerdo do trem.

- tchau. um dia a gente se vê.
- vou esperar que sim.
ele desembarca do trem. uma senhora senta ao lado dela.
- tempinho estranho esse, né?!



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