fim de maio e se perguntava o que havia acontecido com seu calendário. os seus dias se tornaram corredores de maratoras e só o que poderia fazer era sentar e olhar para aquele desperdício. numa esperou nada, não esperava nada e não esperaria nada mais do que era o nada de ontem. tudo se reduzira ao zero, ao ponto onde ela olhava para o relógio e contava os minutos para chegar em casa. e não era somente o calendário ou o relógio que já não experimiam conjuntura alguma com seu tempo bio-psico-moral. havia deixado os chinelos em algum canto e não mais os achou. talvez tenha deixado na casa de alguém ou o cão tenha feito festa de sua desatenção.
tudo já não passava de um efeito cômico da "obra divina" ou do marasmo do autor que escreveu essa vida. parece que esse enredo não enrola nem desenrola, mas que fica fazendo firulas sem sair do lugar. não se chega ao fim, mesmo porque não se deixou o ponto de largada. está lá. sentanda em uma mesa de madeira, com um olhar vago e o cigarro que queima sozinho. vivia disso. de espasmos de vida que insulavam os pulmões e faz o coração pulsar, no tempo de um arpoador.
o ápice de sua melancolia era vivida quando a porta do apartamento era aberta e o ranger do piso de madeira ecoava pelo lugar, denunciando que não havia ninguém mais lá, do que ela e sua solidão nostálgica. tudo era uno: cadeira, sofá, talher, copo, prato. tudo se reduzia em quantidade de um só objeto, na afirmação de que não haveria esperanças ou tentativa descompassadas de ampliação daquele lugar.
Tudo tão cinza e robotizado, tudo tão vago, o nome dos dias, segunda, terça, quarta... unica coisa que muda, logo é sabado, acoradasse no meio do dia, tropeça no domingo. Parece que descreveu minha rotina =]
ResponderExcluir