é a primeira chuva da primavera que assola a cidade. é uma chuva fina, que oscila entre as finas gotas e uma leve tempestade. é a primeira chuva da primavera de 2010, onde a água escorre das nuvens com um fim já esperado: o chão sujo, passando por nuvens cinzas e pela camada poluída. são os dias quentes que transformam a tarde em fria. são os dias em que a incerteza sobre o clima se mistura com as incertezas da vida.
é a primavera, dona das contradições existentes. são árvores que brotam seus primeiros sinais verdes de vida, depois de um inverno escasso e pouco colorido. o pouco estava ligado as flores insistentes de algumas árvores que querem exclusiva atenção para seus galhos. assim como nossas vidas, que pedem atenção para pequenas demonstrações de beleza e, durante o resto do ano, passa batido, como uma flor de cactos. sem cor ou gosto aos olhos, somente lembradas quando se tornam necessárias para a vida.
a vida natural está ligada, indiretamente, a nossa vida natural. somos brotos de árvores que teimam em brotar, em meio à uma sabatina de negações. somos acalorados pelo orgulho e necessidade de ego, em florir.
os amores, tais como as flores que brotam nas árvores da primavera, e quem sabe do verão, são expectativas meras do acaso, no toar da morte premeditada pelo tempo. como as flores, os amores são cultivados em pequenos brotos singelos e, se não cuidados, não florescem. e se não cuidados, morrem com o prelúdio do outono. mas, os amores bem ponderados, assim como as flores, deixam as pétalas cairem. mas com as raízes imperiosas, que não passaram, com a próxima estação.