textos de própria autoria, de própria vida. minha vida, sua vida, nossa vida.



quinta-feira, 3 de maio de 2012

eletroímãs

eram os olhos mais lindos que já havia visto. o preto profundo destoava com as ondas dos fios grossos de sua cabeleira. e seus lábios vermelhos se tornavam secundários, perto dos olhos redondos que me fitavam. a mão que deslizava pelo ar, levava o cigarro aos lábios vermelhos e voltava, dançando no espaço vago do invisível, em busca de aréolas de fumaça. ela me fitava, desviava os olhos que buscavam as aréolas e voltava o olhar para o ponto inicial, eu. ela queria. e eu também. e era impossível não sentir o arrepio que nos unia, feito eletroímãs. 
                                                                                                           

domingo, 15 de abril de 2012

para dar bom dia para Iemanjá...

e então, você veio. como quem dança na areia. como quem anda sem rumo, de forma pretensiosa, de forma perdida. já era tarde. ou cedo. não importa. estávamos ali. corpos na areia, olhando os navios que chegavam e partiam do porto de Santos. e nos apaixonamos pela luzes que iluminavam os navios, que piscava um, que piscavam vários. e a areia estava úmida. e a água estava morna. e quando vi, a vontade de entrar no mar era tamanha "que se dane as horas. vamos entrar no mar e dar bom dia para Iemanjá". e tiramos nossas roupas com um piscar de olhos. e todos partimos para o mar. e entramos naquela água escura, sem poder enxergar onde pisávamos. e a água, que não era fria, cobriu nossas cinturas, cobriu nossos peitos nus e só pudemos sentir uma felicidade que nos arrepiava a pele. a perfeição do ato e do impulso da ação. tudo se completou. como se houvesse uma leve linha tênue que selava todos aqueles sentimentos. como se Iemanjá tivesse preparado aquela noite quente. como se tudo estivesse nos esperando naquela noite, naquela praia, naquela gente. como se tudo estivesse ligado por uma linha tênue que nos fez entrar no mar para dar bom dia para Iemanjá...