por quê escrevo?
escrevo para espantar o medo. para não pirar na imaginação, não afogar nos pensamentos.
escrevo para fugir do tempo, escrevendo, deixo uma marca nos dias, algo que nunca se apagará.
escrevo para deixar as lástimas no passado, para exorcizar cismas, para parir palavras que me são doces, mas que podem ser demais por doces.
eu não sei cantar, sou aquela que coloca um cd no rádio e vai pro chuveiro.
eu não sei desenhar, mas pinto em abstrações o que sonho, mas deixo-os em subentendimento.
eu sei escrever. e amo escrever. amo a essência das palavras, por isso, prometo não as usar em vão, não professar dizeres que podem causar maior impacto do que eu queira. prometo não dizer, mais que vezes, as mesmas coisas, para as mesmas pessoas. prometo deixar em sigilo algumas frases e ditâmes. deixar selado com a vida a oportunidade de sacanear os humanos e os privarem de meus pensamentos e palavras.
isso seria demais? seria deixar o ego dizer mais alto? não, não.
se escrevo, se as pessoas lêem, é porque os faço bem. então, quero deixar algumas coisas em silêncio, algumas coisas de meu infinito, algumas dores, amores, temores.
quero ser mais forte, mais sábia. quero ter mais vida, mais dias, mais alegrias.
quero deixar as dores para o tempo e me encarregar somente de ignorá-las.
quero atravessar a rua, desviar o olhar, dar as costas, caso o vento sopre em direção contra meus dias.
quero ouvir minhas músicas, deixar o relógio escondido, deixar o medo esquecido, deixar os remédios no canto da cômoda, deixar as almofadas para os futuros gatos (quem sabe?!). quero deixar o sorriso de minha mãe na vida. quero deixar pequenas marcas...
escrevo para não morrer. para não enlouquecer. para não esquecer.
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