o chão batido de terra seca levantava poeira aos olhos de rostos passados pelo tempo e castigados pelo sol. onde não encontravam sombra, permaneciam parados, somente com uma lasca do chapéu protegendo os olhos. a boca, permanecia exposta com suas rachas brancas.
perto da mercearia da esquina, havia uma saia que balançava com o vento, deixando as pernas morena exposta, suspendendo os olhos maliciosos dos homens. frente a igreja, as crianças pulavam corda, deixando seus rostos suados e a roupa, gasta pelo tempo, de branco à marrom, causando ira nas mães que estavam na calçada conversando sobre a vida. abanando o rabo, o cão latia para o bêbado que caia na escadaria da igreja, que encerrara sua missa, e era caminho dos religiosos, que fingiam não o vêr. a orquestra da cidade preparava a música que tocava todo domingo, no coreto da praça central. a panela apitava na casa da vizinha, que largara a conversa no meio. os pratos eram postos nas grandes mesas, onde as pessoas se reuniam com a família.
tudo ternamente igual. tudo estava do mesmo jeito de sempre. sempre em dias iguais. sempre com expressões iguais.
o tempo parecia não passar naquelas bandas. as coisas eram sempre as mesmas, naquelas caras, naquelas casas, naquela redondeza.
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"noite de chuva que cai sobre meu telhado e traz lembranças de saudosas épocas, onde a brisa gélida era o meu cangaço..."
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