tinha passado dias com Mincha pesando em meus pensamentos. e por diversos dias, Mincha esteve presente mais que físico, mas dentro do inconsciente que atormentava-me toda vez que pensava ou respirava. estava na porta quando abria os olhos pela manhã, no espelho do banheiro onde eu via meu reflexo, no casaco que eu vestia em dias frios, no metrô que eu embarcava, nas ruas por onde eu passava. Mincha estava tomando conta do ar que eu respirava.
um dia,
decidi matar Mincha.
acordei com aquela presença sem antes ter aberto os olhos. quando o dia se concretizava nas horas, Mincha se arrastava pelos traços de poeira que eu deixava. sem que os outros percebessem, lá eu a deixei, e lá permaneceu. fez do meu dia um mar de angústia, tristeza e dúvidas sobre o vento.
afastei-me de meus amigos, para que Mincha não acabasse com seus dias, como já havia feito com o meu. caminhei por ruas, saindo do nada para lugar nenhum.
em um determinado ponto, parei, sentei e conversei com Mincha. disse palavras que estavam remotas em algum rochedo, por não querer ter a oportunidade de dizer. águas salinas de meus olhos que estavam em barreiras, por não querer vermelhar com as palavras. quis fugir de tudo que me fazia de encontro com você Mincha, mas tentar foi inútil e de nada adiantou. fugir foi em vão, parece que a trouxe mais ainda, do que afastou.
olho para Mincha, digo sobre tudo o que aconteceu. aproximo-me de sua pequeneza e mato-a. mato-a com minhas mãos que antes lhe renderam ternura. mato-a enquanto as águas salinas descem, enquanto meu coração se tranquiliza e levita,
por ter matado Mincha,
no dia em que a quis matar.
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