As horas passavam em seu relógio, sem que o sono desse sinal. Desligou o computador, tomou banho e deitou-se na cama. Ligou a televisão na tentativa de achar algo tão chato, que a fizesse logo ficar sonolenta. Tentativa em vão. Acabou achando um filme sobre um traficante que assistiu inteiro. Tinha esse vício pelas coisas, gostava de assistir até o fim. O mesmo vício que tinha com os livros, mas abrir o livro que estava lendo agora seria unir noite com dia.
Andou pela casa, enquanto os outros dormiam. Tentou ficar bem, sozinha, na noite fria, sem importunar ninguém. Quando sua mãe abriu os olhos por segundos e perguntou que horas eram, mentiu dizendo que seria 00h30am. Sempre mentia sobre o horário. Certamente, se disse que já passava das 03h30am, sua mãe logo iria questionar sobre aquela ausência de sono e começar o discurso de que “desse mal não sofro”.
Foi até a cozinha, abriu a geladeira tentando imaginar que, se comesse algo, talvez a fizesse aquietar. Mas foi besteira, não conseguiria comer àquela hora da madrugada.
Já havia pensado em providenciar um emprego que fosse durante a madrugada. Poderia, assim, unir o útil ao agradável. Seu tempo não passaria em vão e poderia aperfeiçoar com um adicional noturno. Mas isso acabaria com as atividades da faculdade ou sua vida social, que já não era mais aquelas coisas, poderia ficar pior.
Queria ligar para algum amigo, papear sobre coisas tolas, para passar o tempo. Mas àquela hora, quem atenderia ao telefone? Nem o melhor dos amantes o faria.
O gato dormia no canto da sala. Pensou em acordá-lo e brincar com o bichano, mas seria egoísta demais e já conhecia seu gato tão bem, a ponto de saber que, se acordado, ele ficaria intocável e inquieto. Decidiu deixar o bichano pra lá.
Olhou pela janela do apartamento, a cidade estava calma. Havia o escurecer noturno do céu que dava margem a um brilho maior das estrelas. Porque as estrelas só aparecem à noite? Achava aquilo um desperdício, sendo poucos os que aproveitam essa imagem.
Já não sabia o que fazer para o sono tomar conta de seus pensamentos. Tentou de tudo: meditou, fez ioga, cantou mantras, tomou outro banho, preparou um chá de ‘boa noite’,..., fez o que podia lembrar para combater a insônia.
E nada... Suas tentativas não tiveram sucesso.
Lembrou do remédio que ganhou de um amigo, dizendo que ‘aquele era confiável. Dormiria “como um anjo”’. Tomou o comprimido de Diazepan e deitou na cama.
Viu cores em seu quarto, sentiu as pálpebras pesarem e apagou.
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