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segunda-feira, 20 de julho de 2009

o Brasil, que samba é...

A classe dominante brasileira tem uma posição muito confortável. Ela pode reclamar que é explorada quando olha para os EUA, e se comportar como exploradora quando olha para os índios, negros e camponeses. É o melhor de dois mundos. Você consegue explorar o explorado e fingir que é explorado diante do explorador, e no intervalo vai passar as férias em Paris.
Outra questão é a própria idéia de desenvolvimento. A humanindade não pode mais crescer. Sou a favor do crescimento zero, de caminhar para uma redistribuição em escala planetária da riqueza. Frases como "continuem consumindo" e "comprem mais carros" são criminosas do ponto de vista da espécie. Nesse sentido, a palavra desenvolvimento é péssima, e a palavra crescimento pior ainda. Nem todo desenvolvimento envolve crescimento econômico; o PIB não mede porcaria nenhuma. O Butão criou um índice de felicidade interna bruta (FIB). Parece piada, mas talvez não seja completamente idiota. Os EUA, que tem um PIB bem maior que o do Brasil, não creio que teriam um índice de felicidade interna bruta maior que o nosso. Não parecem um povo particularmente pacífico, alegre, saudável. Ao contrário: toda semana alguém mata quarenta escolares em algum lugar do país e a obesidade é galopante. Nada que nos faça mirar nos EUA como exemplo da civilização. O Brasil precisa se desenvolver: aumentar o senso de equidade, de justiça, aprender o que é prioritário.

palavras do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro.

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