acordou com a maior enxaqueca que poderia ter após uma noite em festa. não tinha ideia de quanto havia bebido, só lembrava que sempre estava com um copo na mão e dos risos que era estampado na face.
não era mais uma menina. era uma mulher que morava sozinha e, por si mesma, tinha de se lembrar constantemente de sua solidão e saudade de sua família.
os amores sempre lhes foram furtivos e passageiros. sua beleza inflava o ego dos homens e sua companhia era bem quista, mas ninguém conseguia mexer com seus sentimentos. eram apenas casos e ela fazia questão de não esquecer disto.
ganhava flores, jóias, jantares, viagens. tinha deitado-se com mais homens que poderia se lembrar. noites em companhia de homens jovens e homens velhos, solteiros e casados, estudantes e gente de poder. e não só com homens, mas com mulheres também. era a mulher que todos queriam. mas somente como amante.
levantou da cama. colocou seu penoar sobre o corpo nu. descalça, foi até o banheiro e abriu a torneira de água quente da banheira. olhou no espelho e viu seu reflexo: uma cara amassa, maquiagem borrada e cabelo despenteado, ainda com a prisilia de cabelo.
voltou ao quarto, ligou o toca-discos e colocou um vinil de jazz que comprou na última viagem para NY. entrou no banheiro e mergulhou o corpo na água quente, enquanto acendia um cigarro e cantarolava a música. "In my solitude, you haunt me. With dreadful ease, of days gone by." a espuma começava a cobrir toda a banheira, deixando seu corpo submerso. levantou as pernas para olhar a parte de seu corpo que mais gostava, seus pés, que despertavam desejo quando usava seus saltos altos. - "coisa de fetiche masculino. vai entender".
despertou com o som do telefone, mas preferiu não atender. levantou-se minutos depois, enxugando o corpo com a toalha de algodão que estava pendurada na maçaneta da porta. abriu a porta do armário do banheiro e pegou seu frasco de aspirinas e engoliu três comprimidos amarelos amargos.
andou pela casa só com a toalha no corpo. abriu a janela da sala e, pela varanda, viu que o sol já anunciava que o dia estava pela metade. foi para a cozinha, abriu a geladeira e pegou um pedaço da torta que a empregada havia deixado duas semanas atrás. no bar da sala, preparou um martini. sentou no sofá da sala. o telefone tocou e ela atendeu:
- alô?
- senhorita Norma?
- sim. quem é?
- sou eu, o Bob. você estava tão linda na festa ontem que não resisti e resolvi te ligar. tem planos para o jantar?
- obrigada Bob. não tenho planos mas, e sua mulher?
- minha mulher? ficará em casa com meus filhos enquanto estarei numa reunião, se é que você me entende.
- entendo. fico lisonjeada com o convite, mas terei de dizer não, por um motivo maior. desculpe.
desligou o telefone. tomou seu martini. acendeu um cigarro. deitou no sofá.
"ter perdido esse jantar, certamente, me fez perder um presente. mas, que seja. hoje quero um dia só". cochilou.
sobressaltou do sofá quando ouviu o tocar insistente da campanhia. sentiu uma pontada na cabeça e percebeu que sua enxaqueca não havia passado. caminhou até a porta. olhou pelo olho mágico e viu Bob à sua porta. "o que ele faz aqui? será que não entendeu?". abriu a porta.
- olá Bob. o que devo essa surpresa em minha casa?
- espero que seja boa. vim ver-te. desde ontem, não paro de pensar em seu sorriso, seu jeito, seu cheiro. certamente, não poderia deixar esse dia passar sem dizer um 'oi' para ti.
- agradeço por isso Bob, mas não estou muito disposta à papear hoje. estou com um enxaqueca terrível e preciso tomar uma aspirina para dormir.
- mas você está com um copo de martini nas mãos. está bebendo mesmo com dor de cabeça?
- confesso. martini com aspirini são os melhores remédios para enxaqueca. você me pegou nessa.
com o corpo já na sala, Bob tira uma caixinha de dentro do paletó.
- trouxe para ti. espero que goste.
Norma abre a caixa. há um colar com diamantes e um par de brincos para combinar. não ficou muito surpresa, já que havia ganho outros desses tipo. os homens não tinham muita imaginação quando se trata de presentear uma mulher. acham que diamantes serão o jeito que farão uma mulher ir para a cama com ele. mas, com toda a cara de atriz que tinha, tentou disfarçar.
- ah, que graça. muito obrigada mesmo.
- quando o vi hoje cedo, na vitrine de uma joalheria, sabia que deveria ser seu.
- oh, que amor. o que posso fazer para lhe recompensar?
- ...
Norma sabia o que ele queria. e era o que todos queriam dela.
nesse instante, seu penoar baixou pelo seu corpo e sentiu o arrepio de vento que entrava pela janela aberta da sala.
inconscientemente, agradeceu por estar levemente entorpecida pela mistura de martinis e aspirinas.
não era mais uma menina. era uma mulher que morava sozinha e, por si mesma, tinha de se lembrar constantemente de sua solidão e saudade de sua família.
os amores sempre lhes foram furtivos e passageiros. sua beleza inflava o ego dos homens e sua companhia era bem quista, mas ninguém conseguia mexer com seus sentimentos. eram apenas casos e ela fazia questão de não esquecer disto.
ganhava flores, jóias, jantares, viagens. tinha deitado-se com mais homens que poderia se lembrar. noites em companhia de homens jovens e homens velhos, solteiros e casados, estudantes e gente de poder. e não só com homens, mas com mulheres também. era a mulher que todos queriam. mas somente como amante.
levantou da cama. colocou seu penoar sobre o corpo nu. descalça, foi até o banheiro e abriu a torneira de água quente da banheira. olhou no espelho e viu seu reflexo: uma cara amassa, maquiagem borrada e cabelo despenteado, ainda com a prisilia de cabelo.
voltou ao quarto, ligou o toca-discos e colocou um vinil de jazz que comprou na última viagem para NY. entrou no banheiro e mergulhou o corpo na água quente, enquanto acendia um cigarro e cantarolava a música. "In my solitude, you haunt me. With dreadful ease, of days gone by." a espuma começava a cobrir toda a banheira, deixando seu corpo submerso. levantou as pernas para olhar a parte de seu corpo que mais gostava, seus pés, que despertavam desejo quando usava seus saltos altos. - "coisa de fetiche masculino. vai entender".
despertou com o som do telefone, mas preferiu não atender. levantou-se minutos depois, enxugando o corpo com a toalha de algodão que estava pendurada na maçaneta da porta. abriu a porta do armário do banheiro e pegou seu frasco de aspirinas e engoliu três comprimidos amarelos amargos.
andou pela casa só com a toalha no corpo. abriu a janela da sala e, pela varanda, viu que o sol já anunciava que o dia estava pela metade. foi para a cozinha, abriu a geladeira e pegou um pedaço da torta que a empregada havia deixado duas semanas atrás. no bar da sala, preparou um martini. sentou no sofá da sala. o telefone tocou e ela atendeu:
- alô?
- senhorita Norma?
- sim. quem é?
- sou eu, o Bob. você estava tão linda na festa ontem que não resisti e resolvi te ligar. tem planos para o jantar?
- obrigada Bob. não tenho planos mas, e sua mulher?
- minha mulher? ficará em casa com meus filhos enquanto estarei numa reunião, se é que você me entende.
- entendo. fico lisonjeada com o convite, mas terei de dizer não, por um motivo maior. desculpe.
desligou o telefone. tomou seu martini. acendeu um cigarro. deitou no sofá.
"ter perdido esse jantar, certamente, me fez perder um presente. mas, que seja. hoje quero um dia só". cochilou.
sobressaltou do sofá quando ouviu o tocar insistente da campanhia. sentiu uma pontada na cabeça e percebeu que sua enxaqueca não havia passado. caminhou até a porta. olhou pelo olho mágico e viu Bob à sua porta. "o que ele faz aqui? será que não entendeu?". abriu a porta.
- olá Bob. o que devo essa surpresa em minha casa?
- espero que seja boa. vim ver-te. desde ontem, não paro de pensar em seu sorriso, seu jeito, seu cheiro. certamente, não poderia deixar esse dia passar sem dizer um 'oi' para ti.
- agradeço por isso Bob, mas não estou muito disposta à papear hoje. estou com um enxaqueca terrível e preciso tomar uma aspirina para dormir.
- mas você está com um copo de martini nas mãos. está bebendo mesmo com dor de cabeça?
- confesso. martini com aspirini são os melhores remédios para enxaqueca. você me pegou nessa.
com o corpo já na sala, Bob tira uma caixinha de dentro do paletó.
- trouxe para ti. espero que goste.
Norma abre a caixa. há um colar com diamantes e um par de brincos para combinar. não ficou muito surpresa, já que havia ganho outros desses tipo. os homens não tinham muita imaginação quando se trata de presentear uma mulher. acham que diamantes serão o jeito que farão uma mulher ir para a cama com ele. mas, com toda a cara de atriz que tinha, tentou disfarçar.
- ah, que graça. muito obrigada mesmo.
- quando o vi hoje cedo, na vitrine de uma joalheria, sabia que deveria ser seu.
- oh, que amor. o que posso fazer para lhe recompensar?
- ...
Norma sabia o que ele queria. e era o que todos queriam dela.
nesse instante, seu penoar baixou pelo seu corpo e sentiu o arrepio de vento que entrava pela janela aberta da sala.
inconscientemente, agradeceu por estar levemente entorpecida pela mistura de martinis e aspirinas.