Estou cá, boiando sem querer, em um mar que não tem fim.
Passei por dias de calmaria que nem o vento refrescava o calor intenso que ardia com dias de sol, sem nuvens para dar-me sombra ou sossego.
Ontem, um temporal veio e quase perdi meu barco. Já sem rumo, me segurei em suas bordas, para não perder a única coisa segura que me salva.
Estive pensando na ilha que eu deveria chegar. Mas, perdi minha bússola que me ajudava a localizar o eixo central e já não sei como adivinhar as horas através do sol. Estou assim, boiando em meu barco para lugar e para coisa alguma.
Em uma noite, tive a impressão de ouvir um navio e, quando olhei, era somente o mar que zombava de minha solidão.
Estou me alimentando de peixes crus que consigo pescar com a fita de cetim do seu cabelo, aquela que você me deu no dia em que parti. E tenho bebido de águas tão salgadas que me deixa com enjôos durante todo o dia. Acabo bebendo só no meio da tarde, para não morrer de sede.
Trago comigo, além do barco que me salva e a fita de cetim para pescar, um livro com algumas folhas em branco, na qual escrevo essa; duas fotos, uma de ti, minha amada e outra de minha terra. Ah, que saudade do chão firme, do barulho que faziam os automóveis e da sonoridade das pessoas; e também, uma caneta que já hesita sua tinta.
Não sei se lerás isso. Aliás, não sei porque escrevo isso. Não tenho uma garrafa para colocar a carta dentro, como nos filmes de cinema. Acho que escrevo para me deixar vivo ou manter minhas esperanças sãs.
Estive lembrando das noites em que passamos acordados, vendo o dia raiar ou fazendo amor.
Aqui, só, meu sexo se tornou um órfão abandonado. Não tenho vontade de nada. E,como teria, se nada tenho aqui! Somente sobre-vivo com a lembrança de sua pele, seus seios, seus pêlos e cheiros. Lembro de seus beijos, primeiro tímidos, depois eufóricos.
Penso em ti e dá-me tanta angústia imaginar que estás em terra firme, com um alguém que não sou eu. Quando penso nisso, dá-me vontade de render-me à morte e lançar meu corpo ao sol ou ao mar.
Já cantei para Iemanjá e ela não entoou seu canto para mim. Talvez, a pouca fé que tenho, me dê isso de troco.
Estou aqui, entregue as lembranças, ao mar, ao nada.
De um náufrago à sua amada.
Quando algo me toca, seja em estado mental ou fisico, parece que as palavras me fogem, as vezes peço desculpa pelo meu silêncio, ou deixo fugir uma lagrima timida, lendo a Carta de um náufrago à sua Amada, fico aqui nesse domingo de Cêu Nublado que compartilha comigo essa ansia de Chorar minha solidão, Me encontro aqui de frente essa tela Fria de um computador que conseguiu transmitir os meus sentimentos de Um naufrága também, o meu estado é de COMTEMPLAÇÃO TOTAL perante essa Carta!!!!!!!!
ResponderExcluirIxiiiiiiiiii acho que o Cêu vai chorar e Eu também!
Querida Sami, que sou sua fã vc já sabe. Sua carta está maravilhosa!! Prima pela sensibilidade, pelas figuras de estilo bem empregadas, pela "profunda leveza". Você é muito boa, garota. Adoro ler o que escreve. Beijos
ResponderExcluirNavego pelas minusculas frustrações, pelas duvidas, pelas carências, sentimentos diarios cumulativos que me levam para longe da margem das certezas de sua afeição e das minhas pequenas vitorias. Que massa Sami, esta escrevendo cada vez melhor, que bom que abriu espaço para comentarios.
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