estive lembrando de sua boca.
o formato único que delineava a carne de seus lábios.
ou que riscava seu sorriso.
o jeito que essas linhas salientes de seu rosto simulavam palavras
que mal me chegavam ao ouvido.
era hipnotizada por aquelas linhas rosadas,
que abriam espaço para língua, dentes e céu.
o céu de sua boca em que quis chegar.
que cheguei.
que parti.
que partiu de minhas linhas salientes.
que te procuraram em outras linhas.
em outros rostos.
que nunca achei.
que nunca foi achado.
textos de própria autoria, de própria vida. minha vida, sua vida, nossa vida.
sábado, 28 de novembro de 2009
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
a solidão dos indivíduos.
labirintos cinza e amarelos, forrado por um piso frio e avermelhado. os sons existentes são os insetos que cantam a noite, ou dos gatos que surgem com o vento e somem como poeira. mas com pouco sinal de vida humana para atrapalhar.
um homem gira sua cadeira de rodas sentido lugar algum e some na escuridão. outro homem senta à varanda do prédio contemplando o ínfimo jardim existente à seu horizonte, como se esperasse alguém vir buscá-lo.
o silencio toma forma, sendo quebrado vez ou outra, conforme os pés descobrem aquele terreno, por um molho de chaves ou risadas de vestimentas brancas. o prédio de janelas semi-serradas dá visão para uma árvore de natal previamente montada.
ouvem-se cochichos. ouve-se alguém sugar o catarro do pulmão e escarrar na comadre. ouve-se o rádio ligado em sintonia com músicas de décadas atrás, em janelas escuras. ouve-se uma mulher que não pára de gritar.
vê-se a luz de poucos aparelhos televisores ainda ligados que espanta a solidão daqueles que estão confinados em pequenos cubículos simples, dando cada um seu toque pessoal.
há uma rachadura na parede. há uma torneira seca com sinais de infiltração na base. há redes no segundo andar, barrando qualquer tentativa de atravessar para o lado que não há chão firme, somente ar. há árvores, flores e jardins simples, simbolizando um local sereno. há um muro de quatro cantos que isola os moribundos do mundo social. há o perigo de ser visto. há o perigo de estar sozinho. há a sensação de morte que ronda aquelas vidas, acalentando o desejo de finalizar seus dias.
há a solidão de um indivíduo por trás da janela de cortinas brancas, iluminado apenas pela luz de sua caixa de imagens, que vê sua amada sem poder beijá-la, apenar tocar-lhe as mãos entre as grades.
há uma janela que separa dois seres.
um homem gira sua cadeira de rodas sentido lugar algum e some na escuridão. outro homem senta à varanda do prédio contemplando o ínfimo jardim existente à seu horizonte, como se esperasse alguém vir buscá-lo.
o silencio toma forma, sendo quebrado vez ou outra, conforme os pés descobrem aquele terreno, por um molho de chaves ou risadas de vestimentas brancas. o prédio de janelas semi-serradas dá visão para uma árvore de natal previamente montada.
ouvem-se cochichos. ouve-se alguém sugar o catarro do pulmão e escarrar na comadre. ouve-se o rádio ligado em sintonia com músicas de décadas atrás, em janelas escuras. ouve-se uma mulher que não pára de gritar.
vê-se a luz de poucos aparelhos televisores ainda ligados que espanta a solidão daqueles que estão confinados em pequenos cubículos simples, dando cada um seu toque pessoal.
há uma rachadura na parede. há uma torneira seca com sinais de infiltração na base. há redes no segundo andar, barrando qualquer tentativa de atravessar para o lado que não há chão firme, somente ar. há árvores, flores e jardins simples, simbolizando um local sereno. há um muro de quatro cantos que isola os moribundos do mundo social. há o perigo de ser visto. há o perigo de estar sozinho. há a sensação de morte que ronda aquelas vidas, acalentando o desejo de finalizar seus dias.
há a solidão de um indivíduo por trás da janela de cortinas brancas, iluminado apenas pela luz de sua caixa de imagens, que vê sua amada sem poder beijá-la, apenar tocar-lhe as mãos entre as grades.
há uma janela que separa dois seres.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
ditos para minha irmã.
tantos dias sem ver-te, que a lembrança de seu rosto quase se torna rascunho na memória. os traços delicados de seus contornos são acentuados com as fotos de sua meninice que estão no mural de fotos de nossa casa.
sempre que pergunto-me quando iremos lhe ver, lembro da alegria que emana em sua voz ao contar de sua nova vida, em uma nova terra. mas tão longe de casa...
surpreendo nossa mãe, vez por outra, refletindo sobre sua imagem na fotografia. seus olhos transbordam águas e se transforma em profundo. penso que ela deve caminhar em sua memória com pensamentos sobre você.
antes, muito antes de sua viagem, éramos irmãs que pouco se conheciam. minha imagem de ti sempre fora da irmã mais velha e nunca de uma possivel amiga. meses antes de sua partida, lembro de pensar sobre a distância que estaria entre nós, suas bases, e você, em seus novos horizontes.
quantos dias já se passou desde que lhe dei o último abraço! ainda sinto o cheiro de seus cabelos. ainda posso ouvir sua risada escandalosa e sua presença que intimava atenção.
em algum momento, eu quis ser você. era a menina doce que todos amavam. isso me impressionava e fazia te admirar, timidamente, em silêncio.
crescemos em uma mesma casa e seguimos para lugares deveras diferentes. mudamos com o tempo, adquirimos novos feitos. mas nunca te disse sobre meu amor por ti.
sinto falta de suas críticas sobre o que eu vestia, ou quando você pedia opinião sobre o que comprava. lembro e acabo repetindo, mesmo que inconscientemente, as palavras que você tanto repetia ou o jeito que você as dizia.
com sua partida, a casa perdeu um pouco do jeito escalafobetico que você trazia. há menos ligações no telefone. há menos caixas de sapatos pela casa. há um pouco menos de Maria Callas tocando. há menos de Mark Darcy passando. e, quando passa, logo nos lembramos de ti. os movéis mudaram um pouco de lugar. ganhou um pouco de meu gosto, que antes era o teu que predominava.
dias depois de sua partida, percebi o papel que a filha mais velha na casa tem. são mais responsabilidades e cobranças nossas mesmo. é algo mais sério, com um toque de maturidade.
você se foi e nós ficamos.
ainda há e sempre terá muito de ti em nós.
com muito amor e saudades.
sempre que pergunto-me quando iremos lhe ver, lembro da alegria que emana em sua voz ao contar de sua nova vida, em uma nova terra. mas tão longe de casa...
surpreendo nossa mãe, vez por outra, refletindo sobre sua imagem na fotografia. seus olhos transbordam águas e se transforma em profundo. penso que ela deve caminhar em sua memória com pensamentos sobre você.
antes, muito antes de sua viagem, éramos irmãs que pouco se conheciam. minha imagem de ti sempre fora da irmã mais velha e nunca de uma possivel amiga. meses antes de sua partida, lembro de pensar sobre a distância que estaria entre nós, suas bases, e você, em seus novos horizontes.
quantos dias já se passou desde que lhe dei o último abraço! ainda sinto o cheiro de seus cabelos. ainda posso ouvir sua risada escandalosa e sua presença que intimava atenção.
em algum momento, eu quis ser você. era a menina doce que todos amavam. isso me impressionava e fazia te admirar, timidamente, em silêncio.
crescemos em uma mesma casa e seguimos para lugares deveras diferentes. mudamos com o tempo, adquirimos novos feitos. mas nunca te disse sobre meu amor por ti.
sinto falta de suas críticas sobre o que eu vestia, ou quando você pedia opinião sobre o que comprava. lembro e acabo repetindo, mesmo que inconscientemente, as palavras que você tanto repetia ou o jeito que você as dizia.
com sua partida, a casa perdeu um pouco do jeito escalafobetico que você trazia. há menos ligações no telefone. há menos caixas de sapatos pela casa. há um pouco menos de Maria Callas tocando. há menos de Mark Darcy passando. e, quando passa, logo nos lembramos de ti. os movéis mudaram um pouco de lugar. ganhou um pouco de meu gosto, que antes era o teu que predominava.
dias depois de sua partida, percebi o papel que a filha mais velha na casa tem. são mais responsabilidades e cobranças nossas mesmo. é algo mais sério, com um toque de maturidade.
você se foi e nós ficamos.
ainda há e sempre terá muito de ti em nós.
com muito amor e saudades.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
aniversário.
data de aniversário é algo pra lá de engraçado.
você liga desejando feliz aniversário, como se a pessoa já não tivesse ouvido aquilo diversas outras vezes durante aquele dia.
até os 11 anos, você deseja a maior festa, com todos seus amigos e com muita bexiga. e, lógico, diversos presentes. as tias vão em casa, apertam suas bochechas e dão de presente pijamas e meias. dos 12 à 14 anos, é a fase do pré-adolescente, onde o palhaço para animar a festa já não é mais bem quisto. a garotada quer dançar sem os pais por perto, com o rostinho colado, com a paixão de sua vida. dos 15 aos 17 não tem tanta graça. as festas são mais reuniões com os amigos. o reconhecimento que você ganha é o de votar. o que é esperado mesmo é a festa de 18 anos, porque acredita-se que pode-se fazer tudo com 18 anos, inclusive tomar cerveja na festa de aniversário. mas, quando passa a data, cadê aquela expectativa da maioridade? os anos seguintes vão passando... arranja-se um emprego, namoros, mais estudos, carros, outros tipos de festas... o dinheiro vai faltando, o tempo tá passando! quando completa-se 21, alguém sempre diz: "agora sim, você é maior de idade e responsável por si". mas, a maior-idade é com 18 ou 21 anos?
o tempo continua passando... completa-se 25 anos. e, segundo dizem, é a fase que parece acelerar no relógio do tempo. passa-se tudo muito depressa, como quando você corria da da escola para assistir seu desenho na televisão. lembra? talvez não. com o passar do tempo, vamos esquecendo do início de nossas vidas.
a partir dos 30 já nem se fala quantos anos tem. no bolo existe uma única vela (para não constranger). mas o tempo continua passando. Os anos vão continuar roubando as folhinhas do calendário da sala. e não há nada para fazer-se.
até há...
fica ao seu gosto como vai fazer para o tempo não passar tão depressa. E tão sem graça.
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