textos de própria autoria, de própria vida. minha vida, sua vida, nossa vida.



quarta-feira, 11 de novembro de 2009

ditos para minha irmã.

tantos dias sem ver-te, que a lembrança de seu rosto quase se torna rascunho na memória. os traços delicados de seus contornos são acentuados com as fotos de sua meninice que estão no mural de fotos de nossa casa.
sempre que pergunto-me quando iremos lhe ver, lembro da alegria que emana em sua voz ao contar de sua nova vida, em uma nova terra. mas tão longe de casa...
surpreendo nossa mãe, vez por outra, refletindo sobre sua imagem na fotografia. seus olhos transbordam águas e se transforma em profundo. penso que ela deve caminhar em sua memória com pensamentos sobre você.
antes, muito antes de sua viagem, éramos irmãs que pouco se conheciam. minha imagem de ti sempre fora da irmã mais velha e nunca de uma possivel amiga. meses antes de sua partida, lembro de pensar sobre a distância que estaria entre nós, suas bases, e você, em seus novos horizontes.
quantos dias já se passou desde que lhe dei o último abraço! ainda sinto o cheiro de seus cabelos. ainda posso ouvir sua risada escandalosa e sua presença que intimava atenção.
em algum momento, eu quis ser você. era a menina doce que todos amavam. isso me impressionava e fazia te admirar, timidamente, em silêncio.
crescemos em uma mesma casa e seguimos para lugares deveras diferentes. mudamos com o tempo, adquirimos novos feitos. mas nunca te disse sobre meu amor por ti.
sinto falta de suas críticas sobre o que eu vestia, ou quando você pedia opinião sobre o que comprava. lembro e acabo repetindo, mesmo que inconscientemente, as palavras que você tanto repetia ou o jeito que você as dizia.
com sua partida, a casa perdeu um pouco do jeito escalafobetico que você trazia. há menos ligações no telefone. há menos caixas de sapatos pela casa. há um pouco menos de Maria Callas tocando. há menos de Mark Darcy passando. e, quando passa, logo nos lembramos de ti. os movéis mudaram um pouco de lugar. ganhou um pouco de meu gosto, que antes era o teu que predominava.
dias depois de sua partida, percebi o papel que a filha mais velha na casa tem. são mais responsabilidades e cobranças nossas mesmo. é algo mais sério, com um toque de maturidade.

você se foi e nós ficamos.
ainda há e sempre terá muito de ti em nós.

com muito amor e saudades.

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