acordara. mas percebera que ainda nem dormira. eram 4h e seus olhos permaneciam sem qualquer movimento de leveza. eram 4h e não havia ninguém que pudesse lhe fazer companhia naquela madrugada. pensou em seus remédios e lembrara que um amigo, em ataque de preocupação, resolveu tirar a cartela que carregava na mochila e jogara no lixo. amitriptilina, diazepan, novalgina, dipirona, nada para lhe dar uma boa noite de sono. pensou também na c. indica, mas era tarde da noite para sair na rua a fim de usufruir desse relaxante. sua caixinha de cigarro estava vazia e não haveria lugar para comprar aquela hora. ligou a televisão e não havia um filme que lhe chamasse atenção. e nem podia ficar fazendo barulho àquela hora. não morava sozinha e se acordasse alguém, sabia que resmungariam sobre sua insônia. e quem poderia compreendê-la se, mesmo ela, não entendia o que acontecia com seu corpo nessas noites onde o sono lhe fugia, por mais que o cansaço fosse latente. parece que a cabeça girava à mil por hora e não conseguia desvincular os pensamentos que gritavam por atenção. "cá estou. me solucione!". o que tanto sua cabeça batutava que não a deixava dormir? nem podia se lembrar! se lembrasse, mataria o que lhe causava essas noites mal dormidas. nem o livro do Kundera que estava lendo naquele dia lhe trazia sonolência. indagava sobre um deus e perguntava sobre a presença de qualquer entidade para conversar. porque se sentia tão só durante a madrugada? pensou nos homens que procuravam as garotas da noite. talvez, nem fosse pelo sexo em si mas, quem sabe, para ter companhia durante algumas horas de uma noite mal dormida. o que o sexo, em si, poderia proporcionar? fora o cansaço físico, o fato de orgasmar não lhe indicava sono. parecia que mais lhe despertava e lhe deixava o gosto de querência por aquele sentimento. como pegar no sono?
eram 6h30 quando seus olhos piscaram.
às 7h30 quando acordou para trabalhar ao som do despertador.
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