embalo minhas lembranças em folhas de seda para deixá-las no fundo do baú. as palavras ditas, escritas, lidas, comidas, engasgadas, berradas, extravasadas, zeladas, queridas, amadas, mastigadas, doadas, recebidas, roubadas, vendidas, compradas, apanhadas,... todas já foram para seu canto. o canto do passado, onde não poderão ser mexidas à toa. guardo todas as memórias, todas as meninas, todas as gentilezas e tristezas.
guardo o passado com folhas de seda para que, com carinho, elas estejam seladas em um lugar onde tudo o que tem valor está. retalho algumas cartas de amor-morto-passado, algumas flores secas dentro dos livros, algumas roupas que carregam cheiros, modos, costumes.
revelei as fotos do último rolo de filmes que estavam guardadas. joguei o negativo fora. troquei as chaves, as fechaduras. troquei os segredos da casa, os movéis da sala, do quarto, os utensílios simples do banheiro, do meu cotidiano.
dei os livros que haviam outras digitais além das minhas. comprei novos cd´s para substituir aqueles que emprestei ou copiei, para dar-te prazer aos ouvidos.
os espelhos que haviam imagens, além da minha face, foram quebrados para acabar com a superstição dos anos passados juntos.
existe uma tomada desse filme que não consigo editar.
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