textos de própria autoria, de própria vida. minha vida, sua vida, nossa vida.



segunda-feira, 29 de março de 2010

se...

se for para sofrer, que seja de cócegas. que te tire o ar e faça meus ouvidos se encherem de sua sonoridade e que encha meus olhos com os brilhos dos teus olhos.
se for para odiar, que odeie a saudade quando estamos longe e a fome de beijar; que se sacie todas as gulas carnais e físicas por nossa companhia.
se for para temer que seja a hora da partida, da despedida. quando os dias são contados pelo relógio e o sol brilha em nossos caminhos que só se encontram ao entardecer.
se for para cegar, que seja de prazer. enquanto faço amor contigo, que meus olhos sejam cegados pela líbido e que tua face seja a primeira imagem a ver quando abrir os olhos.
se for para sentir frio que seja na ausência de outro (meu) corpo em sua cama. quando a noite não estiver ao teu lado, que meu espaço não seja tomado por outra e que mantenha o calor do meu corpo.
se for para tolerar, que seja o tempo. quando o atraso for maior ou o tempo for mais longo até a chegada do beijo. e quando for para esperar, que seja recompensando com calor.
se for para amar que sejam todos os dias ao teu lado; todas as noites em tua cama; todos os beijos dados e roubados, discretos ou explícitos; todos os cheiros exalados do corpo, do sexo, dos cabelos; todo o gosto de teus lábios, língua e teu céu sem estrelas.
se for para permanecer, que seja ao teu lado.

domingo, 28 de março de 2010

no palco.

não me leve a mal, mas os dias passados foram deixados de lado muito tempo antes do que já se imaginava. sem lamúrias, lástimas ou dúvidas sobre o futuro, os caminhos da vida se formam com nossas decisões do agora. eu tomei a minha decisão e sigo firme com ela. com o passar dos dias, se apresenta mais forte e não há indagações sobre o que fiz poderia ter sido errado. foi o meu certo. o meu.
claro que sinto por ter uma outra pessoa na história. mas acabamos encenando os personagens que queremos. eu vesti meu figurino, encenei minhas falas e fiz as lógicas corpóreas. recebi flores, aplausos, lágrimas, me emocionei. mas quando meu personagem sai de cena, ele deixa um pensamento de que cumpriu o que veio fazer. não deixou nada para trás e não esqueceu uma só fala. mas seu texto acabou e era hora deixar o palco para outros personagens. não adiantaria permanecer ali, estático, como enfeite. era necessário deixar o palco ainda no clamor do público que me adorava.
isso é a vida. é saber quando entrar em palco no momento exato e quando sair dele também. é saber deixar seu personagem com um gosto de quero mais para o público e, esses sabendo que não haverá mais apresentação, irão guardar os melhores momentos na memória. isso é a vida. é saber aproveitar o palco enquanto é teu, porque isso acaba.

quinta-feira, 25 de março de 2010

peça que fique e ficarei.

ela diz para que eu fique e é impossível negar o convite. ela me olha nos olhos e diz que eu poderia ficar. de forma astuta me convence a permanecer. e fico entre seus braços, aconchegadas no descanso da noite. em sua boca, encontro a fonte para saciar os infindáveis desejos que antes pensava ser utópia. ela ri de forma larga e toma posse da sonoridade de meus ouvidos. faz de meus olhos folia e entre mil firulas, diz que me adora e posso sentir o gosto doce desse sentido.
acorda com o toque cómico do celular e deixa com que eu permaneça preguiçosa ainda embaixo do edredom. quando sai do banho, debruça-se sobre a cama e diz: "bom dia delícia". e só posso sorrir e agradecer por esse dia.

segunda-feira, 22 de março de 2010

coisa chamada tcc.

pois bem. esse será meu primeiro polst que não haverá poemas, contos ou facetas. digo que terá desespero, antecipação e medo do fracasso. terá minhas lástimas, minhas perdições, meus perigos, meus restritos. e não será o único! sei que virão dias onde o blog será o meu maior vínculo com a sanidade ou com a elucidação de problemas que estão tão explícitos, que minha cegueira inibe essa manifestação.
estamos no terceiro mês de 2010 ou, de uma forma simbólica, no meu último ano de faculdade. me graduo no final do ano, com possibilidade de apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso (ou vulgo mais usado TCC) e serei uma antropóloga. mas, até lá, terei de galgar esses próximos meses com minha pesquisa, com provas, leituras diárias, trabalho durante a semana e sem contar com o trabalho de fim de semana. e assim é minha agenda. quando irei parar para respirar? talvez ano que vem. talvez, ano que vem.
como grande parte dos meus colegas, que também se encontram quase em beira de desespero, estou confusa sobre como pesquisar o meu objeto. até sei o que quero estudar, mas elaborar a pergunta da pesquisa sem colocar afirmações ou hipóteses é mais complicado do que imaginei. e minha orientadora que está na Bolívia... ai ai. como ela faz falta aqui! mas não posso ser egoísta. lá está ela, terminando sua pesquisa do doutorado. e que tudo esteja dando certo, porque ela é incrível e sei que escolhi a melhor para me orientar. ela lá e eu cá. tentando me virar da forma que posso, da melhor forma que intuo e com a ajuda de alguns mestres e com a paciência de amigos.
oh, grandes amigos. o que seria de minha vida sem vocês?
ps: acho que vou precisar fazer terapia...

sexta-feira, 19 de março de 2010

minha mãe.

ela me gestou durante 09 meses, suportando o peso em sua barriga sem nunca reclamar e, quando me viu pela primeira vez, me recebeu com um largo sorriso e o calor de seu abraço.
me embalou em seus braços enquanto chorei, dizendo ao meu ouvido que nada poderia me assustar e que iria sempre me proteger. sabia o que eu queria só em abrir a boca e expandir a sonoridade do meu choro. fora as tantas vezes em que ela expôs minhas nádegas e, de certo, achava graça nas fraldas trocadas.
ela passou noites em claro comigo quando tive febre. ela cantou e suavizou meu sono por vezes infinitas. me disse para ser sempre forte e ter coragem para fazer o que gostasse e que fosse por vias serenas, eu poderia ser o que eu quisesse.
chorou quando chorei e riu quando ri. me deu a mão tantas vezes que cai e fez com que me erguesse para aprender que a vida é assim. me ensinou, desde pequena, que eu deveria tomar conta de minha própria pessoa, sem mimos de ninguém. sempre foi meu exemplo de independência, força, sabedoria, calma e amor. mesmo em dias onde seus olhos eram tomados pela ira e eu corria para não sentir o peso de sua mão, sabia que ela fazia o que era certo. afinal, ela é mãe e mãe é mãe e sempre está com a razão.
sou o que sou graças a ela. e agradeço por ter genes dessa pessoa incrível.

ela possui os braços mais quentes, a pele mais cheirosa, a face mais doce e as palavras mais perfeitas para o meu dia. ela faz com que eu seja a princesa de um castelo que nunca vi, de uma terra que nunca ouvi falar.

terça-feira, 16 de março de 2010

diálogo II.

olha para o vapor que sai da xícara de café pousada na mesa.

- nada mais pode ser perfeito como antes e, se fosse perfeito, não teria tido seu fim. talvez, tenha sido perfeito enquanto durou. mas tudo tem o dia do fim. tudo tem sua cota de existir.

- você deixou de me amar... quando isso aconteceu?

- eu não sei te dizer se deixei de te amar ou se cultivei um sentimento mais fraterno do que de amor-amante. só sei que, no dia em que percebi que já não sentia a mesma coisa, achei melhor colocar um ponto final nisso.

- eu te amo e sei que meu amor supri por nós.

- mas não posso permanecer com você enquanto faço amor com outra. você tem de entender que o que estou fazendo pode ser o melhor, por ora. e acredito que assim o seja. podemos continuar nos falando para saber como andam as coisas.

- eu não quero. se você não quer continuar comigo, não quero mais ver tua cara. como você pode me dizer que está fazendo amor com outra mulher?!

- estou. sempre lhe disse que daria minha sinceridade e não minha fidelidade. e a última vez em que dormi contigo, estava pensando nela.

- como você pode fazer isso comigo? e tudo o que vivemos? e os dias em que te fiz feliz? não significou nada?

- não seja tola. significou muito sim. minha gratidão será eterna pelos dias em que passamos, mas isso acabou. veja o passado como algo simples e não tentem complicar as coisas.

- eu não estou complicando as coisas. você simplesmente está me dizendo que está fazendo amor com outra mulher. como posso levar isso numa boa? dois meses atrás, você dizia que me amava e que queria passar anos da sua vida comigo. fizemos planos, compramos coisas para a casa... agora você me diz que não quer mais.

- eu lamento fazer você sofrer para ser feliz. mas não posso ser responsável pelo sentimento de alguém. eu preciso fazer isso, terminar com você, para continuar minha vida.

- eu sou um empecilho para você?

- não.

- então, por quê tem que terminar comigo para seguir sua vida?

- porque já não te amo mais.

domingo, 14 de março de 2010

atentar.

a prática do desapego poderia ser melhor aplicado

se as pessoas não atentassem tanto para a ausência.

terça-feira, 9 de março de 2010

diálogo.

- está escuro aqui. acende a luz, por favor.
- mas, se eu acender a luz, não vou conseguir dormir.
- e eu não consigo dormir com essa escuridão!
- mas você não dorme com os olhos fechados?
- durmo, oras. como todo mundo.
- então, porque acender a luz?

***

- por quê você está dormindo desse lado da cama?
- por quê? como assim por quê?
- é.
- você não está do outro lado?
- estou.
- e eu estou desse lado. ponto.
- mas você não pode chegar mais perto, dormir comigo de conchinha?
- por quê vocês mulheres gostam de dormir de conchinha?
- não sei. talvez, porque esteja frio. ou eu queira sentir teu corpo perto.
- mas eu estou perto.
- não. você está do outro lado da cama.

***
- você vai acordar cedo?
- sim. tenho uma reunião com meu chefe às 09h.
- hum. será que podemos tomar café juntos antes de você ir trabalhar?
- sim. fazemos isso todos os dias.
- eu sei. mas, amanhã, quero tomar um bom café da manhã com você. poderíamos ir naquele café que tem aqui embaixo do prédio.
- tudo bem, então. mas, o quê você tem? está estranha.
- não tenho nada. só quero ficar com você.
- mas está comigo faz tanto tempo!
- mas, às vezes, você não está comigo.
- ih, que foi dessa vez? como assim não estou com você?
- sinto como se tivesse algo, tipo um muro entre nós.
- deve ser impressão tua.
- pode ser bobeira mesmo. ou estou sentido falta daquele cara com quem casei.
- mas ainda sou o mesmo.
- ou eu já não sou a mesma e você não notou.

***


relacionamentos são complicados ou complicamos os relacionamentos?
.

domingo, 7 de março de 2010

olhares turvos.

e ela caminha sentido nada. oscila entre a calçada e o meio fio da rua. cambaleia sem saber onde pousar o próximo passo. caminha sentido nada e para coisa alguma.
em algum momento, ela já carregou nas mãos um mapa que mostrava onde o tesouro estaria escondido. mas acabou o perdendo num dia de folia de carnaval, quando viu no meio do público tantas colombinas, pierrots e arlequins, que deixou seu pensamento ir de encontro a folia.
algumas coisas se perderam. algumas outras coisas se ganharam. não imaginava que dias de carnaval poderia trazer tanto extase para seus dias. que antes disso, era somente quarta-feira de cinzas.

sábado, 6 de março de 2010

cobertor de tua pele

quando o toque do despertador me fez acordar essa manhã, olhei para o lado e te vi em profundo sono. ao mesmo tempo em que quis te despertar, fazer carinho e te aquecer com meus beijos, olhei pela janela do apartamento e vi que o tempo estava tão frio e o céu tão branco, que não poderia fazer isso com você. puxei o edredom e cobri os teus braços que estavam ao toque da brisa gélida.
com coragem, ergui meu corpo da cama e fui acordar com um banho. a água morna caia sobre minha pele que ainda exalava teu cheiro, teus beijos, teu corpo no meu. me sequei e voltei para o quarto, na tentativa de combater o frio que pairava com as minhas roupas que estavam lançadas na cadeira de madeira: peças íntimas, calça jeans, camisete, uma blusa de algodão e um lenço. ah, os meus lenços que você tanto teme agora, não?!
você, ainda sonolenta, abre lentamente os olhos e me demonstra um sorriso cálido e com toda a preguiça exposta em si. me puxa e deito novamente. em teus braços, tenho um leve cochilo aquecido pela pele de teu corpo. teus braços envolvem meu braços em um círculo de carinho. tuas pernas que se emaranham com as minhas na tentativa de unir os pés. teus fios de cabelos que saltam desse berço capilar e que fixam em minha pele a tua presença por esses caminhos delimitado por veias.
o vento que bate na janela ecoa o som pelo apartamento. os vasos de plantas no terraço do prédio vizinho dançam como se fosse livres de raízes e cantam um som que desconheço.
você ainda permanece sonolenta. me ponho em dúvida se devo partir para meu dia de trabalho ou devo voltar para a cama e te fazer companhia nesse manhã fria.

quarta-feira, 3 de março de 2010

ao acaso.

Ao acaso, essa manhã, encontrei um doce amigo no metrô. E fora tão inusitado que, quando o mesmo saltou do vagão para a plataforma em que me encontrava, os que estavam ao redor olhavam a cena do abraço. Ah, e que abraço. Aislan, serão sempre abraços ternos, fraternos e calorosos! No final da tarde, recebi esse poema dele. Adorei, simplesmente.
***
Hoje vi você logo cedo
Mal o sono me deixou os olhos remelentos
Mal os sonhos começaram a dissipar seus alentos
Onde normalmente olho mas não vejo
Uma luz que brilhava num forte lampejo
Me fez enxergar-te lá na plataforma a esperar
O próximo vagão passar
Carequinha e radiante
Minha ação num instante quase peristáltica
Pular do trem sem pensar só pra te abraçar
Porque teu abraço é tão gostoso e
porque não é o mês todo que o sol vem me visitar.
*
por Aislan Munin.

segunda-feira, 1 de março de 2010

evoé, evoé.

Evoé,
tua risada tão branda que desacelera meu ritmo de timbre batido. tua pele morena clara que de encontro com a minha pele tão branca, causa uma vontade de degustação. teus olhos pretos e teus cílios que são mais profundos e belos do que a última estação. tens a boca singela e doce, que se torna obrigatório o retorno ao último beijo. e assim, vou percorrendo nesse ciclo de beijos adocicados. tuas mãos que desfilam por meu corpo na tentativa de achar um ponto que denuncie minha graça, mas que acaba se perdendo em tom de líbido.