estava sentada em uma velha cadeira de madeira ouvindo alguém falar sobre algo que já se dispersara. seu pensamento vagava ao longe, perdido entre cabelos negros que se enrolavam de maneira estonteante. era ele. culpado de seus devaneios e pela boca seca que nem água lhe saciava. e seus braços gelados que sentia na lembrança as passadas de mãos, forma de contato singelo e, ao mesmo tempo, próximo. dono de olhos que lhe diziam mais que a própria fala. fala que sempre era interrompida por terceiros de sua popularidade. era um querer, e bem querer, de estar à sós. mas havia o medo (da parte dela ou dele) que esse momento fosse o auge ou o colapso.
o que havia entre eles, mesmo que não se aproximassem ao ponto de sentirem o ofegar da respiração ao pé do ouvido, era vicioso e entorpecente. melhor que um sorriso sem graça dado aos montes, era o sorriso que estampavam quando se olhavam. e se queriam (?!) ao ponto de terem medo do que viria no dia seguinte.
relutavam no desejo dessa forma. através de um contato diário que, mesmo longe, estava perto. e tão perto, que o medo de estar longe era torturante.
Samira, como você escreve bem, gostei desse seu texto, parabéns!!
ResponderExcluirMaurício L. Zink