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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Domitila.

era Domitila. digna de respeito e desejo. mulher que atraia pelo olhar, pela fala mansa, pelo jeito de saudar e despedir. era Domitila que adentrava os pensamentos de forma involuntária, mas tão presente como a sensação que o vento trazia. as pernas amoleciam quando se aproximava e sabia quando se aproximava. os olhos eram rápidos entre o perceber e o fingir. aguardava que Domitila se aproximasse de forma terna, como quem não quer nada, mas quer algo que apenas não diz. ou está ali para inflamar o ego (seu ou dela) com a certeza de que o dia fora ganho. inspirava-lhe suspiros, que logo era abafado na tentativa de apagar qualquer evidência.
porém, tal como a instabilidade de um dia de sol e chuva, Domitila oscilava entre o desejo e a negação do desejo. como se o querer lhe dilacerasse de forma dolorosa ou lhe fosse imoral e insuportável. sofria de um mal: o medo. medo de agir e se arrepender. medo de não fazer jus ao desejo. medo de não saber guardar segredo. medo de se dar.
de tal forma, entre as oscilações vividas por Domitila, a paixão e o desejo foram sendo deixados de lado até o dia em que se tornaram tão de mal gosto quanto um café frio pela espera de alguém que o sorvesse.

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