alice poderia ser chamada de tudo, menos de menininha.
seus cabelos eram castanhos claros e enrolavam como se fossem cruzar uns com os outros.
não tinha o rosto mais doce, mas quando ria, ria para as estrelas e para os planetas.
não tinha todas as bonecas que queria, mas brincava com qualquer coisa que tinha.
alice era uma mistura de doce com salgado, uma mistura de quente e frio, uma mistura de menina sapeca e uma senhora velha.
às vezes, não queria ir brincar na rua, queria ficar em casa mesmo, com o pai e a mãe, que sempre estava na cozinha fazendo algo para comer.
alice não era filha única, tinha mais um tanto de irmãos e irmãs que perdia a conta, sabia o nome de todos, mas não lembrava seus rostos.
o que ela mais gostava de comer, era biscoito que era comprado na casa em época de natal, biscoito de champagne.
ela gostava de beber suco de groselha, que ela chamada de suco vermelho.
não tinha medo do escuro, mas tinha medo de ficar sozinha.
para seu tamanho de criança, parecia que o mundo era maior do que era.
parecia que as coisas tomavam vida, e isso ela temia.
ela dormia em uma cama que gemia, que ficava no alto.
ela dormia. ela dormia. um dia, ela caiu do alto e bateu a cabeça.
mas não machucou e nem chorou.
alice parecia não sentir algumas coisas que fazia sua mãe morrer de medo ou de susto.
parece que alice foi a única de todas as meninas que demorou para crescer.
enquanto suas amigas brincavam com a maquiagem da mãe, ela preferia brincar de correr.
alice demorou para crescer.
e quando cresceu, sentiu saudade de quando era pequena e tudo parecia demais para seus pequenos pés.
alice, menina de risada simples. menina que deveria virar conto de todas as meninas.
. ao som de Adriana Partimpim.