a evolução dos bichos trouxe consigo a modernidade e todos os seus vícios existênciais.
em tempos onde consultório psicológico pode ser qualquer mesa de botequim ou conversas virtuais, vejo que as lamentações modernas são sempre as mesmas: solidão afetiva, falta de sensações próprias (em tempos que tudo pode ser comprado em pílulas). vejo que perdemos a metade de nosso tempo com lástimas passadas e a outra metade com incapacidades futuras. entre esses, podemos colocar medo, insatisfação, dúvida,... o que aconteceu com nossas emoções?
trocamos afeto por emoções momentâneas, trocamos certezas por incertezas, só pelo prazer de arriscar. temos as dúvidas constantes e medos dispensáveis, que poderiam ser reparados se não fosse o ego e o super ego. a maneira como as questões pessoais são postas como livre banquete de um coletivo. qual o erro da humanidade? em que se limita tudo isso? até onde irá as dúvidas mais sútis?
o que mais me atrai na ideia de pensar no ser humano moderno, são suas não aceitações sobre o que não toleram. a imaginação passou para o patamar acima, onde o saber conta mais que o concordar gentilmente.
textos de própria autoria, de própria vida. minha vida, sua vida, nossa vida.
sábado, 28 de março de 2009
terça-feira, 24 de março de 2009
utópias.
confesso que minha maior utópia seria viver do que escrevo. diversas pessoas já leram meus textos, contos e blábláblás, se sempre o elogiam, independente se triste ou alegre, eles são bens aceitos.
em tempo sem grana, vejo que a carreira de sociólogo é por amor mesmo, porque grana não dá. aliás, até dá. se você for filho de um burguês e não trabalhar, dedicando seu tempo livre para fazer cursos e estudando. não chamo de sorte, mas minha chance não é essa. não parei de estudar desde que entrei na escola. segui de um para outro. ensino fundamental, ensino médio, curso de árabe e faculdade. sequência louca de livros, informações e neuras que me fazem ser o que sou: viciada em leitura e informação. mas sempre em escola pública, cursos gratuitos e, somente agora na faculdade, passei dois anos pagando pelo curso. feliz agora que sou bolsista do governo e não pago mais a mensalidade, contudo, lá se vão meus fins de semana... paciência.
ok, não estou reclamando. somente digo que isso me faz ser mais forte. dar valor ao que tenho porque o consegui com meus esforços, sem graça de ninguém. e apoio moral não paga conta, então...
quando entrei na faculdade, minha mãe cogitou se eu estava escolhendo o curso certo. supus que sim. e vejo que não há mercado para a área de sociologia. ou é indicação de alguém ou filho de alguém. filha de uma morena linda, não tenho apadrinhamento de ninguém de alto financeiro.
nada foi fácil, mas suposto que deve ter coisas piores, não vou reclamar da minha caminhada. talvez me dê um animo maior para entender e valorizar algumas coisas.
minha maior utópia: me sustentar do que escrevo.
meu maior sonho: o doutorado na Síria.
o que quero agora (e vou conseguir): outro emprego ou estágio em sociologia.
em tempo sem grana, vejo que a carreira de sociólogo é por amor mesmo, porque grana não dá. aliás, até dá. se você for filho de um burguês e não trabalhar, dedicando seu tempo livre para fazer cursos e estudando. não chamo de sorte, mas minha chance não é essa. não parei de estudar desde que entrei na escola. segui de um para outro. ensino fundamental, ensino médio, curso de árabe e faculdade. sequência louca de livros, informações e neuras que me fazem ser o que sou: viciada em leitura e informação. mas sempre em escola pública, cursos gratuitos e, somente agora na faculdade, passei dois anos pagando pelo curso. feliz agora que sou bolsista do governo e não pago mais a mensalidade, contudo, lá se vão meus fins de semana... paciência.
ok, não estou reclamando. somente digo que isso me faz ser mais forte. dar valor ao que tenho porque o consegui com meus esforços, sem graça de ninguém. e apoio moral não paga conta, então...
quando entrei na faculdade, minha mãe cogitou se eu estava escolhendo o curso certo. supus que sim. e vejo que não há mercado para a área de sociologia. ou é indicação de alguém ou filho de alguém. filha de uma morena linda, não tenho apadrinhamento de ninguém de alto financeiro.
nada foi fácil, mas suposto que deve ter coisas piores, não vou reclamar da minha caminhada. talvez me dê um animo maior para entender e valorizar algumas coisas.
minha maior utópia: me sustentar do que escrevo.
meu maior sonho: o doutorado na Síria.
o que quero agora (e vou conseguir): outro emprego ou estágio em sociologia.
segunda-feira, 23 de março de 2009
.dejetos de sampa.
em cada cruzamento, em cada esquina de sampa, sempre pode-se sentir o odor que paira pela cidade. uma mistura de comida estragada com dejetos humanos e urbanos. algo entre podridão e ingratidão.
as pessoas se esquivam desses entulhos e acabam entrando em choque com outros indíviduos que estão em mesma situação, desviando de sua própria sujeira. afinal, se nossa cidade está tão suja, os culpados somos nós, que jogamos lixo na rua, deixamos outros jogarem e achamos que aquele lixo na rua não é meu. por contas, se a cidade é nossa, por quê não cuidar dela como deveriamos? se passamos a maior parte de nosso tempo nas ruas concretas dessa selva de concreto, suponho que seja nossa casa, as ruas de transeuntes bambos, me torno indignada com a indiferença posta nas olhos daqueles que atravessam a rua sem olhar para o que está na calçada.
o homem aprendeu a contruir prédios, a voar como pássaros, devasta lugares, foi a lua e procura por outras vidas em planetas anos-luz de nós. mas ainda não sabe olhar para o outro e dizer bom dia.
as pessoas se esquivam desses entulhos e acabam entrando em choque com outros indíviduos que estão em mesma situação, desviando de sua própria sujeira. afinal, se nossa cidade está tão suja, os culpados somos nós, que jogamos lixo na rua, deixamos outros jogarem e achamos que aquele lixo na rua não é meu. por contas, se a cidade é nossa, por quê não cuidar dela como deveriamos? se passamos a maior parte de nosso tempo nas ruas concretas dessa selva de concreto, suponho que seja nossa casa, as ruas de transeuntes bambos, me torno indignada com a indiferença posta nas olhos daqueles que atravessam a rua sem olhar para o que está na calçada.
o homem aprendeu a contruir prédios, a voar como pássaros, devasta lugares, foi a lua e procura por outras vidas em planetas anos-luz de nós. mas ainda não sabe olhar para o outro e dizer bom dia.
domingo, 22 de março de 2009
.entre os hemisférios do corpo.
o umbigo é a região do meio termo entre afeição e prazer; entre dois caminhos distintos em suas maiores e menores proporções.
me arrisco em escalar por entre suas brancas, que de tão clara, as veias verdes exaltam em seu tom, e saliente barriga, feita de pele macia e quente. em suas curvas, os lábios vão perdendo rumo, sentido seio, onde me deparo com um par de círculos com cumes marrons claros. dentre eles, me perco no caminho e me esbaldo em seu pescoço, hemisfério norte do corpo, onde possui ossos e pele, que denunciam a excitação através de sua respiração. entre uma escorregadia lateral, passo por sua nuca, onde os cabelos que faltam, exibe sua pele que transpassa a figura do desejo. retorno para a base do tronco e me deparo com seu queixo, seus lábios, que afogo meus beijos, o monte de seu nariz e a profundidade dos olhos, onde é mais intenso que a infinidade de vezes que me deixo perder.
Passando por seus cabelos, dou a volta em sua cabeça e desço por suas costas, alvas como tela pronta para ser arte de uma pintora. de encontro ao meio termo, o meio fim do tudo, vejo o monte de púbis e me desfaleço entre as ancas que me causam ânsia de luxúria inebriante. acordo entre suas roliças ancas, macias e confortáveis, me impulsiono na firmeza de suas panturrilha e degusto os dedos de seus pés.
me arrisco em escalar por entre suas brancas, que de tão clara, as veias verdes exaltam em seu tom, e saliente barriga, feita de pele macia e quente. em suas curvas, os lábios vão perdendo rumo, sentido seio, onde me deparo com um par de círculos com cumes marrons claros. dentre eles, me perco no caminho e me esbaldo em seu pescoço, hemisfério norte do corpo, onde possui ossos e pele, que denunciam a excitação através de sua respiração. entre uma escorregadia lateral, passo por sua nuca, onde os cabelos que faltam, exibe sua pele que transpassa a figura do desejo. retorno para a base do tronco e me deparo com seu queixo, seus lábios, que afogo meus beijos, o monte de seu nariz e a profundidade dos olhos, onde é mais intenso que a infinidade de vezes que me deixo perder.
Passando por seus cabelos, dou a volta em sua cabeça e desço por suas costas, alvas como tela pronta para ser arte de uma pintora. de encontro ao meio termo, o meio fim do tudo, vejo o monte de púbis e me desfaleço entre as ancas que me causam ânsia de luxúria inebriante. acordo entre suas roliças ancas, macias e confortáveis, me impulsiono na firmeza de suas panturrilha e degusto os dedos de seus pés.
Por Samira Nagib
21março09
18h42.
sábado, 21 de março de 2009
.os três mal-amados.
Joaquim:
O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.
O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.
Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.
O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.
O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.
O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.
O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.
Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.
O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.
O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.
O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
João Cabral de Melo Neto.
sexta-feira, 13 de março de 2009
. gato .
quinta-feira, 12 de março de 2009
.ida.
e assim ela seguia. como se o passado fosse algo sem memória, como se não houvesse lembrança alguma.
cruzava as mesmas ruas, os mesmos caminhos, barradas pelo farol vermelho, mas assim seguia em frente. nada mais à ser feito, nada mais querido. nem o bem estar.
os cabelos eram levados pelo vento, juntamente com os pensamentos que se perdiam com o barulho do trânsito. as pessoas passavam e criavam caminhos próprios, longe do meu, do seu, do nosso, do todo.
poderia ser uma única chance, repetida mil vezes, com mil erros, até a hora do acerto?
não, não poderia. tudo deve ter seu fim, por mais doloroso, esquecido, privado, coagido, passado.
o cd que ganhará continua tocando, mas já sem nenhuma ligação.
o que houverá acontecido? encontrará a pílula do esquecimento ou percebeu que seria demasiado desnecessário gastar sua paciência com tudo isso? preferiu não mais pensar nisso.
e toda vez que vagava por esses caminhos, fizera com que eles não se cruzem.
.indiferença de branco.
cruzava as mesmas ruas, os mesmos caminhos, barradas pelo farol vermelho, mas assim seguia em frente. nada mais à ser feito, nada mais querido. nem o bem estar.
os cabelos eram levados pelo vento, juntamente com os pensamentos que se perdiam com o barulho do trânsito. as pessoas passavam e criavam caminhos próprios, longe do meu, do seu, do nosso, do todo.
poderia ser uma única chance, repetida mil vezes, com mil erros, até a hora do acerto?
não, não poderia. tudo deve ter seu fim, por mais doloroso, esquecido, privado, coagido, passado.
o cd que ganhará continua tocando, mas já sem nenhuma ligação.
o que houverá acontecido? encontrará a pílula do esquecimento ou percebeu que seria demasiado desnecessário gastar sua paciência com tudo isso? preferiu não mais pensar nisso.
e toda vez que vagava por esses caminhos, fizera com que eles não se cruzem.
.indiferença de branco.
segunda-feira, 9 de março de 2009
.saia rodada.
dentre esse quarto, existe uma cama que aconchega o indivíduo.
dentre essa indivíduo, existe um sentimento que alimenta os sentidos.
dentre os sentidos, existe um coração que bate, segundo o ritmo do seu.
dentre esse coração, existe afeição por ti.
dentre as horas que se passam e a despedida chega,
existe um medo de partir, mas querente pela chegada.
dentre a chegada próxima que há de vir,
existe um sorriso que espera, um beijo que sela,
um abraço que aquece.
dentre esse abraço, existe a emoção do vêr-te novamente.
e quando lhe vejo novamente, temo pela despedida.
mas aproveito o momento contigo.
debaixo dessa saia rodada tem um mar de delícias.
dentre essas ancas, existe um mundo que desconheço a origem.
e quando desconheço seu caminho, vou trilhando meus próprios riscos.
e quanto mais risco, mais me mostrar os caminhos certos.
dentre desse ser existe amor.
dentre esse quarto, existe um laço.
dentre esses beijos, nós existimos.
ps: dois gatos, um peixe, um pinguim de geladeira, meu cactos Elvira. e o que mais vieres, que venhas!
dentre essa indivíduo, existe um sentimento que alimenta os sentidos.
dentre os sentidos, existe um coração que bate, segundo o ritmo do seu.
dentre esse coração, existe afeição por ti.
dentre as horas que se passam e a despedida chega,
existe um medo de partir, mas querente pela chegada.
dentre a chegada próxima que há de vir,
existe um sorriso que espera, um beijo que sela,
um abraço que aquece.
dentre esse abraço, existe a emoção do vêr-te novamente.
e quando lhe vejo novamente, temo pela despedida.
mas aproveito o momento contigo.
debaixo dessa saia rodada tem um mar de delícias.
dentre essas ancas, existe um mundo que desconheço a origem.
e quando desconheço seu caminho, vou trilhando meus próprios riscos.
e quanto mais risco, mais me mostrar os caminhos certos.
dentre desse ser existe amor.
dentre esse quarto, existe um laço.
dentre esses beijos, nós existimos.
ps: dois gatos, um peixe, um pinguim de geladeira, meu cactos Elvira. e o que mais vieres, que venhas!
domingo, 1 de março de 2009
feminino.
Mulheres acordam loucas Às vezes Em alegria insana Que espanta E atormenta Os desavisados Querem a vida aos pedaços Todos os pedaços Notadamente os negados. Querem amar os amores Os passados E os porvires Se por acaso vieres E se não vieres Mulheres Às vezes Querem viver a vida com os dentes E queimar as indecisões do ventre Em fogueiras medievais. Bombardear barreiras bárbaras Sonhar sonhos selvagens Ter todos os filhos Conquistar todos os montes Salvar todos os homens E povoar um mundo novo
Mulheres acordam náufragas Às vezes E se afundam no mar das dúvidas E das delicadezas invisíveis Nas miúdas feridas Que nos fizerem sem ver Inesquecíveis dores. Querem recolher os filhos Esquecer os amantes Fechar as cortinas E chorar o desconsolo estéril. Querem temer o futuro Com espanto E presságio. Mulheres acordam mudadas No mundo da permanência. Mulheres acordam no mar ou na fogueira Em aflição ou vitória E vivem os dias Como se fossem todos os dias Inadiáveis. Mulheres mudam Em dias imutáveis.
Mulheres acordam náufragas Às vezes E se afundam no mar das dúvidas E das delicadezas invisíveis Nas miúdas feridas Que nos fizerem sem ver Inesquecíveis dores. Querem recolher os filhos Esquecer os amantes Fechar as cortinas E chorar o desconsolo estéril. Querem temer o futuro Com espanto E presságio. Mulheres acordam mudadas No mundo da permanência. Mulheres acordam no mar ou na fogueira Em aflição ou vitória E vivem os dias Como se fossem todos os dias Inadiáveis. Mulheres mudam Em dias imutáveis.
Mirian Leitão - Feminino*
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