no dia em que ele adentrou o expediente, e ela o vira pela primeira vez, sentiu seu corpo tremer por aquele outro corpo de um tom de pele moreno claro, olhos verdes, sorriso gracioso e jeito "Jece Valadão" de ser. usava sapatos pretos, calça azul marinho e uma camisa branca, de manda curta, com os três primeiros botões abertos, deixando a penugem do peito florar para fora daquela camisa. no instante que vira aquele corpo, sabia que teria de ter um pedaço, instante ou prazer dele.
os dias eram longos. eles tinham o mesmo horário de trabalho. vez por outra, se encontravam na escada e sorriam com um sorriso gosto de hortelã. ele vinha de casa, deixando a esposa no trabalho e a filha na escola. ela vinha de sua casa, onde morava com um amigo gay desde que veio para são paulo.
a convivência abalava seus pensamentos e tirava sua completa concentração. ele passava, sorria e deixava um perfume no ar, um odor másculo, que mexia com seus hormônios e sentidos. sabia que aquele homem seria seu pecado.
uma tarde, ela tomou coragem e o convidou para ir à um bar. a situação entre os dois, ali sozinhos, num final de sexta-feira, era quase insustentável. as mãos, quando se tocavam, mesmo que sem querer, causa um tremor e um baixar de olhos que denunciava a intenção presente. o bar não se estendeu muito e a decisão de procurarem um lugar mais discreto foi quase instantânea e sussurrada.
o primeiro letreiro vermelho foi o decidido. na verdade, não havia algo para ser decidido, somente feito. no instante em que a porta foi fechada, as roupas saltaram dos corpos no segundo em que deitaram na cama, quase sem perceber. a pele de tom moreno claro dele se fundiam com a cor morena jambo de sua pele. foram descobertas, olhares, beijos, línguas que iam e vinham, as bocas que eram preenchidas por pêlos e músculos, as mãos que adentravam espaços escondidos e o contato mais íntimo, mais profundo daquela noite. depois de algumas horas, cada qual foi para seu lugar.
o dia seguinte foi o mais complexo. a dúvida se inquietava nela por querer mais daquele prazer concedido. os olhares eram desviados por trazer a lembrança e as sensações ganhas na noite anterior. ela achou que não agüentaria e, como mais uma de tantas que ele deve ter, teria sido somente isso e pronto. no fundo, ela só queria mais uma noite de sexo, e isso lhe contentaria. achava até bom. seria uma troca justa. sexo por sexo. e por quê não?
por uma mensagem no celular, ela percebeu que teria o que queria. e não somente mais uma vez, aquela cena se estendera por dias, semanas, meses... mas deixava de ser somente sexo, havia algo emanando deles que não conferia somente sexo, eram gestos de carinho, preocupação, companheirismo...
numa manhã, quando sua mulher estava saindo do carro, ela o olhou e disse:
- eu tenho nojo de você.
- o que aconteceu?
- você agora chega em casa com cheiro de outro sabonete. com um cheiro de perfume na camisa que não é meu. você chega tarde, não diz mais nada. você anda recebendo mensagens no celular de outra mulher. eu sei, eu vi, não tenta mentir.
ele abaixa a cabeça. não diz nada.
quando chega ao trabalho, ele não a encontra durante o dia. volta para casa, pega suas coisas e sai sem dizer nada. vai até a casa dela, toca a campainha e é recebido com olhar de surpresa. adentra a sala, senta numa cadeira e segura o rosto com as mãos. conta o que aconteceu e diz a ela que não sabe o que fazer, não tem onde dormir aquela noite e tudo está muito confuso. ela diz que, por hoje, ele pode dormir lá, mas depois, terão de ver o que fazer. ele olha para ela e diz que ela o fez mudar, que quer crescer com ela, que ela é tão diferente das outras mulheres com quem ele ficou. diz coisas para ela que vislumbra para o futuro dos dois.
ela olha para ele, sorri um sorriso amargo e balbucia coisas que ele não ouve.
- os planos não eram esses. eu gosto de você e sei que acabamos nos envolvendo um pouco mais... mas não me vejo morando com você, sabendo que você não é homem de uma mulher só e que sou possessiva. ambos queríamos sexo e tivemos e foi bom, muito bom. mas é só isso. eu não posso dispor algo que não tenho agora. e não quero. meus planos não eram esses.
- mas o que faço agora? depois que conheci você, quis mudar, melhorar, progredir. eu gosto de você e quero morar contigo.
- você não pode fazer de minha vida sua base. você precisa se fortalecer sozinho. eu posso te ajudar agora, mas será só isso. podemos procurar um lugar para você dormir enquanto não aluga sua casa. mas você irá sozinho.
ele não acredita no que ouve. acabara de perder tudo o que tinha: casa, esposa, filho e amante. o que mais poderia perder.
sem poder raciocinar direito, ele levanta e vai para rua, sem rumo nem mundo.
textos de própria autoria, de própria vida. minha vida, sua vida, nossa vida.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Léia, a mulher perfeita.
Léia era uma moça que se enquadraria no modelo de mulher perfeita: filha, irmã, esposa, amiga e professora dedicada à todos. Gostava de elogios sobre sua doçura e simpatia. Era a pessoa daquelas que se gosta só de olhar.
Era irmã de duas mulheres e um homem. Era tia de algumas sobrinhas. Na escola, era a tia dos bebês. Com eles, seu linguajar mudava: parecia criança falando e se esquecia de que, fora de lá, ela deveria se portar de outra maneira.
Léia tinha um jeitinho que ninguém nunca dizia não. Ela tinha o olhar, o sorriso e a cabecinha de lado que derreteria qualquer coração de gelo, por mais frio que fosse. Era do tipo mãezona: cuidava de todos, se preocupava com cada detalhe, mesmo que desnecessariamente, ela acalorava todos com sua doce atenção e nunca recebia um não para nada.
Pele morena, corpo que despertava a atenção de todos os homens. Passava sempre acanhada mas, no fundo, gostava que eles assobiassem para ela. Mexia com seu ego, com sua vaidade. Seus cabelos tinham as pontas enroladas, mas ficavam em perfeita arrumação com o balançar do vento.
Era casada com o único homem que beijou, namorou e transou. Casaram segundo manda o figurino: igreja, véu e lágrimas. Foram morar juntos em uma casa simples, com quintal e um pequeno jardim, onde foram avisados sobre a presença de ratos naquela região. Mas o que Léia queria era a casa dela.
Quando o marido a procurava durante a noite, ela resmungava, dizia que estava cansada e que tinha dor de cabeça. O sexo, para ela, tinha de ter as preliminares. Preliminares constituídas de: passeio, jantar fora e filme na cama, só assim, ela daria para ele. Se não o fosse, não daria o que ele tanto queria. E ela reclamava para as amigas e dizia que, quando ele não a procurava, ficava feliz. O que ela queria mesmo, era alguém para encostar a noite e dormir abraçadinho. Se não tivesse o sexo, melhor.
O tempo passou. O filho não veio. A casa nova não veio. Coisas novas não vieram. Quase tudo continuava igual. Uma coisa mudou: o marido. Ele havia arranjado uma amante. Uma mulher fogosa, que topava tudo e a qualquer hora. Ele não precisava bajular para conquistar.
Léia percebeu a mudança do marido, percebeu que as roupas dele mudaram. Percebeu que o encontro com os amigos não era mais só aos sábados para o futebol, mas havia se estendido para o pós-futebol ou happy hour de sexta-feira.
- Benzinho, tem alguma coisa acontecendo que você queira me falar?
- O quê Léia? Pirou?
- Sei lá. Sinto que existe alguma coisa entre nós. Alguma coisa que está nos distanciando.
- Não, não há nada. Você deve estar cansada e fica ai, imaginando coisas, essas coisas de novela.
Mas ela não sossegava. Resolveu investigar. Começou a cheirar suas roupas, mexer no seu celular, procurar vestígios no carro. Achou uma calcinha. Uma que não era sua.
- Amor, o que é isso?
- O quê Léia?
- Essa calcinha. De quem é essa calcinha?
- Não sei. Onde você a conseguiu?
- Não mente, benzinho. Achei essa calcinha no seu carro. Quem é ela?
- ...
- Quem é ela, benzinho? Por quê você tem uma amante?
- Sabe Léia, tenho pensado sobre nós... Acho que nosso casamento não tem mais jeito. Temos vivido de aparências. Chegamos num ponto onde cada um deve seguir sua vida sozinho. Amanhã vou arrumar minhas coisas e saio de casa. - Como? E para onde você vai? E como eu fico?
- Não sei. Na verdade, não quero mais saber. Sei que você poderá fazer outro homem feliz.
- ...
- Durmo hoje aqui ainda e depois, sigo meu rumo.
Ela não poderia sustentar uma separação. Como o único homem que ela conhecia poderia fazer isso com ela? O homem por quem ela dedicara tanto de seu amor, agora a deixava só. Estava a trocando por uma aventurazinha, uma outra mulher que já deve conhecer a cama de tantos homens quanto às areias da praia. Ele estava a deixando. Ele...
Preparou o jantar. O chamou e disse que compreendia o que estava acontecendo e queria que eles fizessem uma última ceia juntos. Ele sorriu e imaginou que ela havia entendido e que sentia o mesmo pesar pelo casamento deles. Sentou-se na mesa, ela o serviu com um strogonoff de molho branco com arroz e salada. Ele adorava aquele prato. Comeu até dizer chega e agradeceu a compreensão dela.
Foi para o quarto, abriu a mala de viagem e começou a tirar as roupas do armário. Sentiu uma leve tontura e sentou-se na cama. Seu corpo começou a se contrair, enquanto sentia seu coração bater cada vez mais lentamente, cada vez mais lentamente. Sua boca secou, sua mão estava paralisada. A única coisa que viu foi a figura de Léia no quarto, segurando o vidrinho de chumbinho que havia comprado para dar fim nos ratos. E ela acabara de dar fim num rato.
Léia não poderia ser abandonada por alguém à quem dedicara tanto de sua atenção.
Era irmã de duas mulheres e um homem. Era tia de algumas sobrinhas. Na escola, era a tia dos bebês. Com eles, seu linguajar mudava: parecia criança falando e se esquecia de que, fora de lá, ela deveria se portar de outra maneira.
Léia tinha um jeitinho que ninguém nunca dizia não. Ela tinha o olhar, o sorriso e a cabecinha de lado que derreteria qualquer coração de gelo, por mais frio que fosse. Era do tipo mãezona: cuidava de todos, se preocupava com cada detalhe, mesmo que desnecessariamente, ela acalorava todos com sua doce atenção e nunca recebia um não para nada.
Pele morena, corpo que despertava a atenção de todos os homens. Passava sempre acanhada mas, no fundo, gostava que eles assobiassem para ela. Mexia com seu ego, com sua vaidade. Seus cabelos tinham as pontas enroladas, mas ficavam em perfeita arrumação com o balançar do vento.
Era casada com o único homem que beijou, namorou e transou. Casaram segundo manda o figurino: igreja, véu e lágrimas. Foram morar juntos em uma casa simples, com quintal e um pequeno jardim, onde foram avisados sobre a presença de ratos naquela região. Mas o que Léia queria era a casa dela.
Quando o marido a procurava durante a noite, ela resmungava, dizia que estava cansada e que tinha dor de cabeça. O sexo, para ela, tinha de ter as preliminares. Preliminares constituídas de: passeio, jantar fora e filme na cama, só assim, ela daria para ele. Se não o fosse, não daria o que ele tanto queria. E ela reclamava para as amigas e dizia que, quando ele não a procurava, ficava feliz. O que ela queria mesmo, era alguém para encostar a noite e dormir abraçadinho. Se não tivesse o sexo, melhor.
O tempo passou. O filho não veio. A casa nova não veio. Coisas novas não vieram. Quase tudo continuava igual. Uma coisa mudou: o marido. Ele havia arranjado uma amante. Uma mulher fogosa, que topava tudo e a qualquer hora. Ele não precisava bajular para conquistar.
Léia percebeu a mudança do marido, percebeu que as roupas dele mudaram. Percebeu que o encontro com os amigos não era mais só aos sábados para o futebol, mas havia se estendido para o pós-futebol ou happy hour de sexta-feira.
- Benzinho, tem alguma coisa acontecendo que você queira me falar?
- O quê Léia? Pirou?
- Sei lá. Sinto que existe alguma coisa entre nós. Alguma coisa que está nos distanciando.
- Não, não há nada. Você deve estar cansada e fica ai, imaginando coisas, essas coisas de novela.
Mas ela não sossegava. Resolveu investigar. Começou a cheirar suas roupas, mexer no seu celular, procurar vestígios no carro. Achou uma calcinha. Uma que não era sua.
- Amor, o que é isso?
- O quê Léia?
- Essa calcinha. De quem é essa calcinha?
- Não sei. Onde você a conseguiu?
- Não mente, benzinho. Achei essa calcinha no seu carro. Quem é ela?
- ...
- Quem é ela, benzinho? Por quê você tem uma amante?
- Sabe Léia, tenho pensado sobre nós... Acho que nosso casamento não tem mais jeito. Temos vivido de aparências. Chegamos num ponto onde cada um deve seguir sua vida sozinho. Amanhã vou arrumar minhas coisas e saio de casa. - Como? E para onde você vai? E como eu fico?
- Não sei. Na verdade, não quero mais saber. Sei que você poderá fazer outro homem feliz.
- ...
- Durmo hoje aqui ainda e depois, sigo meu rumo.
Ela não poderia sustentar uma separação. Como o único homem que ela conhecia poderia fazer isso com ela? O homem por quem ela dedicara tanto de seu amor, agora a deixava só. Estava a trocando por uma aventurazinha, uma outra mulher que já deve conhecer a cama de tantos homens quanto às areias da praia. Ele estava a deixando. Ele...
Preparou o jantar. O chamou e disse que compreendia o que estava acontecendo e queria que eles fizessem uma última ceia juntos. Ele sorriu e imaginou que ela havia entendido e que sentia o mesmo pesar pelo casamento deles. Sentou-se na mesa, ela o serviu com um strogonoff de molho branco com arroz e salada. Ele adorava aquele prato. Comeu até dizer chega e agradeceu a compreensão dela.
Foi para o quarto, abriu a mala de viagem e começou a tirar as roupas do armário. Sentiu uma leve tontura e sentou-se na cama. Seu corpo começou a se contrair, enquanto sentia seu coração bater cada vez mais lentamente, cada vez mais lentamente. Sua boca secou, sua mão estava paralisada. A única coisa que viu foi a figura de Léia no quarto, segurando o vidrinho de chumbinho que havia comprado para dar fim nos ratos. E ela acabara de dar fim num rato.
Léia não poderia ser abandonada por alguém à quem dedicara tanto de sua atenção.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
personalidade.
O que constitui a personalidade do individuo?
Acredito que a personalidade não é algo que desenvolve com o individuo, mas se manifesta como estados de espírito, em momentos determinados. Se estivermos felizes é resultado do momento vivido. Ninguém nasce feliz ou não, mas permanece nessa situação decorrente de um fato que lhe traz graça.
Nenhum ser é algo, mas permanece. Ser é determinista por excesso. Mas, quando deixando os fatos na instância de momentaneidade, possibilitamos a vulnerabilidade do ser, convivendo com a não expectativa das coisas, que é o conceito de esperar pelo outro. As pessoas acostumaram a viver com os braços erguidos esperando por um ser que nunca viram, mas insistem em suas crença, realizando ações e dando júbilos à outro.
Não existe um ser que seja algo. Os românticos estão em estado de romance, o que é algo temporário. Talvez, Vinícius de Moraes tenha sido um dos poucos que estiveram nesse estado durante muito tempo. Suposto que, em outros estados, estava solteiro ou ainda à procura de um novo amor (casou 9 vezes e teve 5 filhos). Imagino que Vinícius tenha sido um poeta em tempo completo, estava sempre em estado de paixão.
Indagar sobre o que somos seria impor meu pequeno autoritarismo. A personalidade dessa pessoa que aqui vos fala, és preenchida por diversas instâncias de momentos. E, incrivelmente, constantemente, com um sorriso estampado na face.
Vivo meu estado de graça.
Acredito que a personalidade não é algo que desenvolve com o individuo, mas se manifesta como estados de espírito, em momentos determinados. Se estivermos felizes é resultado do momento vivido. Ninguém nasce feliz ou não, mas permanece nessa situação decorrente de um fato que lhe traz graça.
Nenhum ser é algo, mas permanece. Ser é determinista por excesso. Mas, quando deixando os fatos na instância de momentaneidade, possibilitamos a vulnerabilidade do ser, convivendo com a não expectativa das coisas, que é o conceito de esperar pelo outro. As pessoas acostumaram a viver com os braços erguidos esperando por um ser que nunca viram, mas insistem em suas crença, realizando ações e dando júbilos à outro.
Não existe um ser que seja algo. Os românticos estão em estado de romance, o que é algo temporário. Talvez, Vinícius de Moraes tenha sido um dos poucos que estiveram nesse estado durante muito tempo. Suposto que, em outros estados, estava solteiro ou ainda à procura de um novo amor (casou 9 vezes e teve 5 filhos). Imagino que Vinícius tenha sido um poeta em tempo completo, estava sempre em estado de paixão.
Indagar sobre o que somos seria impor meu pequeno autoritarismo. A personalidade dessa pessoa que aqui vos fala, és preenchida por diversas instâncias de momentos. E, incrivelmente, constantemente, com um sorriso estampado na face.
Vivo meu estado de graça.
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
verbo conjugado de dar.
Eu te dei.
Dei-te todas às vezes que quis. Quando pensava em teu corpo, lá estava. E assim eu o tinha.
Dei-te durante as horas que seguiam noite. Emaranhávamos os corpos à mercê de limites.
Dei-te o tempo, o desejo, o suor, o meu prazer. Era a realização do meu desejo. Nada mais.
Dei-te enquanto teu corpo rendia libido. No dia que você virou comum, dei-lhe adeus.
Dei-te por minha satisfação e ego.
Eu te dou.
Dou-te o abraço, o beijo desejoso por outros beijos. Viva boca que chama meus sentidos.
Dou-te as ancas, as entranhas. Tiras minha segunda pele e arranque gemidos tolos e roucos.
Dou-te todas às vezes que quereres. Será meu corpo em teu corpo. O teu prazer em meu prazer.
Dou-te quando ninguém perceber. Entre sua nuca e seu pé, minha saliva fecha seus poros.
Dou-te por minha paixão e afeto.
Eu te darei.
Dar-te-ei um dia, quando menos esperar. No dia em que me ligares e convencer-me de que pode fazer muito mais.
Dar-te-ei quando o dia se fizer por noite e quando a noite fizer por dia. No véu negro das horas, irei clarear teus instintos.
Dar-te-ei os sentidos, a luxúria, as perversidades dessa máquina desejante, os segredos de uma libertina.
Dar-te-ei as palavras sacanas, ditas ao pé do ouvido, somente em sigilo. E junto com as palavras, virão gestos e olhos que não terão mais foco.
Dar-te-ei por minha única vaidade.
Dei-te, dou-te e dar-te-ei algo para meu, e somente meu.
Dei-te todas às vezes que quis. Quando pensava em teu corpo, lá estava. E assim eu o tinha.
Dei-te durante as horas que seguiam noite. Emaranhávamos os corpos à mercê de limites.
Dei-te o tempo, o desejo, o suor, o meu prazer. Era a realização do meu desejo. Nada mais.
Dei-te enquanto teu corpo rendia libido. No dia que você virou comum, dei-lhe adeus.
Dei-te por minha satisfação e ego.
Eu te dou.
Dou-te o abraço, o beijo desejoso por outros beijos. Viva boca que chama meus sentidos.
Dou-te as ancas, as entranhas. Tiras minha segunda pele e arranque gemidos tolos e roucos.
Dou-te todas às vezes que quereres. Será meu corpo em teu corpo. O teu prazer em meu prazer.
Dou-te quando ninguém perceber. Entre sua nuca e seu pé, minha saliva fecha seus poros.
Dou-te por minha paixão e afeto.
Eu te darei.
Dar-te-ei um dia, quando menos esperar. No dia em que me ligares e convencer-me de que pode fazer muito mais.
Dar-te-ei quando o dia se fizer por noite e quando a noite fizer por dia. No véu negro das horas, irei clarear teus instintos.
Dar-te-ei os sentidos, a luxúria, as perversidades dessa máquina desejante, os segredos de uma libertina.
Dar-te-ei as palavras sacanas, ditas ao pé do ouvido, somente em sigilo. E junto com as palavras, virão gestos e olhos que não terão mais foco.
Dar-te-ei por minha única vaidade.
Dei-te, dou-te e dar-te-ei algo para meu, e somente meu.
domingo, 9 de agosto de 2009
.sem clichês.
nunca fora de muitas demonstrações públicas de afeto. preferia sempre coisas práticas, sem clichês.
apaixonara uma vez, sem sucesso. e achava que, passada essa vez, já era o suficiente. voltara todo sua atenção para sua carreira. começou a planejar dez anos à frente. sempre só.
teve paixões sim. mas sempre tão passageiras, que nem saudades conseguia sentir. pensava em como as pessoas entendiam o amor: seria uma forma de insanidade, esquizofrênia ou alucinação que não poderia ser diagnosticado?
de uma em uma, acabou colecionando telefones e egos sobre sua intimidade. passava noites com diferentes pessoas, com diferentes sensações. mas não sentia nada daquilo que os poetas diziam sobre o amor.
chegara a pensar que não lhe seria possível esse 'amor' tão lido, tão cantando e tão evocada nos sonhos das pessoas. o amor não lhe passara de uma grande útopia tola.
vivia de pequenas emoções concedidas por pessoas que lhe sentiam afeto. achava que as pessoas tinha algum interesse físico no outro, e assim adentrava em novos acasos que, particularmente, tinha vida tão curta quando água em deserto.
sem esperar, sem querer, sem saber, acabara se apaixonando novamente. encontrava-se rendida à toda sentimentalidade que vinicius escrevia em seus poemas sobre amores extremos.
percebido isso, pegou o telefone e disse:
- esse sentimentalismo todo me faz chorar.
apaixonara uma vez, sem sucesso. e achava que, passada essa vez, já era o suficiente. voltara todo sua atenção para sua carreira. começou a planejar dez anos à frente. sempre só.
teve paixões sim. mas sempre tão passageiras, que nem saudades conseguia sentir. pensava em como as pessoas entendiam o amor: seria uma forma de insanidade, esquizofrênia ou alucinação que não poderia ser diagnosticado?
de uma em uma, acabou colecionando telefones e egos sobre sua intimidade. passava noites com diferentes pessoas, com diferentes sensações. mas não sentia nada daquilo que os poetas diziam sobre o amor.
chegara a pensar que não lhe seria possível esse 'amor' tão lido, tão cantando e tão evocada nos sonhos das pessoas. o amor não lhe passara de uma grande útopia tola.
vivia de pequenas emoções concedidas por pessoas que lhe sentiam afeto. achava que as pessoas tinha algum interesse físico no outro, e assim adentrava em novos acasos que, particularmente, tinha vida tão curta quando água em deserto.
sem esperar, sem querer, sem saber, acabara se apaixonando novamente. encontrava-se rendida à toda sentimentalidade que vinicius escrevia em seus poemas sobre amores extremos.
percebido isso, pegou o telefone e disse:
- esse sentimentalismo todo me faz chorar.
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
poema da última madrugada.
Os meus poemas são assim:
Não cresce pelo começo,
Desenrola-se com o fim.
O pé da história é o primeiro
A desabrochar,
Fazendo o corpo transparecer e
A cabeça ser a última a brotar.
Falam sobre medos, coragens;
Amores, desamores;
Em prosa e conto.
Nascem personagens,
Gente com história de vida,
Desde a gestação.
Os meus poemas são assim:
Surgem no meio da madrugada,
No metrô, andando na rua,
No olhar perdido da chuva.
Não vou atrás. Pareceria-me
Desesperador ou desiludida demais
Sair gritando por meio mundo:
“Cadê minhas palavras?”
Elas sabem onde moro,
Sabe como me encontrar.
Prefiro que seja assim:
Que elas venham a minha pessoa.
Que puxa poema do início do pé
Até o desenrolar das caraminholas
Dos fios enrolados de uma cabeça pensante.
Não cresce pelo começo,
Desenrola-se com o fim.
O pé da história é o primeiro
A desabrochar,
Fazendo o corpo transparecer e
A cabeça ser a última a brotar.
Falam sobre medos, coragens;
Amores, desamores;
Em prosa e conto.
Nascem personagens,
Gente com história de vida,
Desde a gestação.
Os meus poemas são assim:
Surgem no meio da madrugada,
No metrô, andando na rua,
No olhar perdido da chuva.
Não vou atrás. Pareceria-me
Desesperador ou desiludida demais
Sair gritando por meio mundo:
“Cadê minhas palavras?”
Elas sabem onde moro,
Sabe como me encontrar.
Prefiro que seja assim:
Que elas venham a minha pessoa.
Que puxa poema do início do pé
Até o desenrolar das caraminholas
Dos fios enrolados de uma cabeça pensante.
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