nunca fora de muitas demonstrações públicas de afeto. preferia sempre coisas práticas, sem clichês.
apaixonara uma vez, sem sucesso. e achava que, passada essa vez, já era o suficiente. voltara todo sua atenção para sua carreira. começou a planejar dez anos à frente. sempre só.
teve paixões sim. mas sempre tão passageiras, que nem saudades conseguia sentir. pensava em como as pessoas entendiam o amor: seria uma forma de insanidade, esquizofrênia ou alucinação que não poderia ser diagnosticado?
de uma em uma, acabou colecionando telefones e egos sobre sua intimidade. passava noites com diferentes pessoas, com diferentes sensações. mas não sentia nada daquilo que os poetas diziam sobre o amor.
chegara a pensar que não lhe seria possível esse 'amor' tão lido, tão cantando e tão evocada nos sonhos das pessoas. o amor não lhe passara de uma grande útopia tola.
vivia de pequenas emoções concedidas por pessoas que lhe sentiam afeto. achava que as pessoas tinha algum interesse físico no outro, e assim adentrava em novos acasos que, particularmente, tinha vida tão curta quando água em deserto.
sem esperar, sem querer, sem saber, acabara se apaixonando novamente. encontrava-se rendida à toda sentimentalidade que vinicius escrevia em seus poemas sobre amores extremos.
percebido isso, pegou o telefone e disse:
- esse sentimentalismo todo me faz chorar.
é bom ser pego de surpresa por um sentimento tão forte, bonito e real. Sorte de quem o recebe de alguém assim tão especial.
ResponderExcluir