Os meus poemas são assim:
Não cresce pelo começo,
Desenrola-se com o fim.
O pé da história é o primeiro
A desabrochar,
Fazendo o corpo transparecer e
A cabeça ser a última a brotar.
Falam sobre medos, coragens;
Amores, desamores;
Em prosa e conto.
Nascem personagens,
Gente com história de vida,
Desde a gestação.
Os meus poemas são assim:
Surgem no meio da madrugada,
No metrô, andando na rua,
No olhar perdido da chuva.
Não vou atrás. Pareceria-me
Desesperador ou desiludida demais
Sair gritando por meio mundo:
“Cadê minhas palavras?”
Elas sabem onde moro,
Sabe como me encontrar.
Prefiro que seja assim:
Que elas venham a minha pessoa.
Que puxa poema do início do pé
Até o desenrolar das caraminholas
Dos fios enrolados de uma cabeça pensante.
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