textos de própria autoria, de própria vida. minha vida, sua vida, nossa vida.



domingo, 14 de fevereiro de 2010

minha metade masculina.

uma das lendas que relata sobre a criação das civilizações remota aos deuses gregos. diz-se que Vênus e Eros criaram uma civilização repleta de amor e harmonia. os seres possuiam quatro braços, quatro pernas, duas cabeças e dois troncos distintos, sendo um masculino e outro feminino. essa civilização causara inveja nos demais deuses que insistiram que Zeus enviasse uma forte tempestade, repleta de relâmpagos e trovões. Vênus e Eros até tentaram lutar, mas fora uma batalha de dois dias e duas noite e o resultado disso fora que os raios e relâmpagos, ao acertarem os seres, os separam em dois, fazendo cada um possuir duas pernas, dois braços, uma cabeça e um tronco. assim, desde essa batalha, cada ser vaga pela imensidão a procura de sua outra metade, aquela que o equilibra.
***
nunca escrevi sobre alguém que me completa e, sendo uma relação sem sexo, meu amor é mais puro, repleto de sentimentalidades mil e de quereres mais belos para a vida.
conheço o Ricardo F., Rick ou Ricardinho há 8 anos. ambos estavam com 15 anos e começariamos o 1° colegial juntos. lembro até hoje como nos conhecemos. ele sentava na primeira cadeira da fila próxima à porta e estava com uma cifra na mão de uma letra do legião urbana. lembro de olhar para ele e dizer: "você toca violão?", "toco mais baixo", "legal, eu toco violão". e assim começamos. e como diria vinicius de moraes, "amigos não se faz, se reconhece", nos reconhecemos naquele dia.
e não é que nunca tivemos uma briga. já passamos por uma fase de não nos falarmos. era passar do lado e nem falar oi. durou alguns meses. e passou. e retomamos e crescemos e amadurecemos e nos fortalecemos.
o Rick sabe tanto sobre minha pessoa quanto eu mesma. sabe quais são meus sonhos, meus desejos, minhas paixões. ele sabe porque escrevo, por quem sinto falta, por quem já chorei e tantas vezes ele já secou minhas lágrimas. ele sabe sobre minhas músicas, minhas poesias, minhas musas. sabe tanto sobre minha vida como sei sobre a dele.
eu sabia que poderia encontrá-lo em casa no domingo a tarde, dormindo à mais de 12 horas. eu sabia que, em vez de jantar, ele tomaria o café da tarde às 21h. e ficaria fazendo palhaçadas para a mãe querendo enlouquecê-la. e conseguia. eu o vi em meus braços, como uma mãe acolhendo a um filho, durante uma sessão espiritual e lá percebi qual o nosso lado. ele não consegue matar uma barata. ele tem um buraco no meio do tórax que daria para colocara água. ele tem uma calça de pijama listrada marrom e branco que dorme sem camisa. e como ele precisa tomar sol!
quando ele comprou o carro, sua mãe e eu ficamos com o coração apertado, imaginando que agora as namoradinhas iriam brotar feito gafanhoto em plantação. ele criou responsabilidades... é o menino que trabalha e pensa nas contas de casa, no cuidado com a irmã, em buscar o pai no trabalho, em estar com os amigos. e, diferente dos demais, e não menos amigos, eu sabia quando e onde encontrá-lo. eu sabia que poderia chegar em sua casa, a hora que fosse, e deitar com ele na cama para conversar, chorar ou falar bobagens.
hoje descobri que não sei nada mais. não sei quando posso encontrá-lo nem como. nem quando o verei novamente.
meu abraço de aniversário ainda não veio. mas a saudades ainda é latente.
te amo e te amarei sempre, porque você é minha metade masculina.
Sam.

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