Ei-lo, quieto, a cismar, como em grave sigilo, vendo tudo através a cor verde dos olhos, onça que não cresceu, hoje é um gato tranqüilo. A sua vida é um "manso lago", sem escolhos... Não ama a lua, nem telhado a velho estilo. De uma rica almofada entre os suaves refolhos, prefere ronronar, em gracioso cochilo, vendo tudo através a cor verde dos olhos. Poderia ser mau, fosforescente espanto, pequenino terror dos pássaros; no entanto, se fez um professor de silêncio e virtude. Gato que sonha assim, se algum dia o entenderdes, vereis quanto é feliz uma alma que se ilude, e olha a vida através a cor de uns olhos verdes.
Cassiano Ricardo
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